Fabrica Cerâmica de Valadares
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Os edifícios eram determinados pelas ex - pressivas condicionantes económicas. A tecnologia dominante era ainda a da fase anterior - sustentada essencialmente pelo trabalho braçal, embora já se verificasse a entrada de alguns mecanismos, como por exemplo a máquina Clayton na Fábrica de Vale de Piedade. Apresentavam neste pe - ríodo uma tentativa de regularização, atra - vés da criação de uma pauta para a fixação de preços mínimos. A exportação decaiu susbstancialmente. Por fim, o período in - dustrial (decorrido no séc. XIX), em que a situação de concorrência deste século originou por si só alguma selecção neste sector. As unidades sobreviventes e as que surgiram posteriormente adoptaram com - portamentos de maior eficácia, proporcio - nando a emergência de unidades de grande dimensão e com preocupações de apetre - chamento técnico, de forma a responder às exigências de mercado e da concorrência internacional, oferecendo simultaneamen - te um maior nível qualitativo de produção. Os edifícios eram completamente distin - tos da residência dos proprietários, que por vezes moravam em zonas afastadas e onde o automóvel venceria as distâncias que antes se mostravam uma problemáti - ca. A razão social destas firmas evoluiu da sociedade comanditária para as novas for - mas permitidas pela legislação comercial, particularmente a sociedade por quotas a partir de 1901, generalizando depois para sociedade anónima. Porém, o que marcaria
profundamente as fábricas do sector seria a opção por segmentos de mercado, cla - ramente especializados e susceptíveis de produção em série. A construção civil foi o principal sector impulsionador das fábri - cas desta época, que respondiam essencial - mente à procura gerada pelo crescimento urbano. Não é por isso de estranhar que o direccionamento da sua produção se orien - tasse essencialmente para os materiais de construção (telha e tijolo) e de decoração exterior (Soeiro, T.; Alves, J.; Lacerda, S.; Oliveira, J., 1995). No entanto, era assegu - rado um mercado complementar de arte - factos domésticos, que chegou a dar mos - tras de grande qualidade e a conquistar um substancial espaço geográfico para o seu consumo. Com o tempo, a produção do - tou-se de um melhoramento de materiais e técnicas, acompanhado por uma concen - tração operária especializada e crescente. O séc. XX foi um período marcante no de - senvolvimento e crescimento do sector da cerâmica, consequência da revolução industrial ter tido um reflexo tardio na sociedade portuguesa. O surgimento de novas unidades fabris, e com elas o avanço tecnológico, a maior capacidade de produ - ção e a conjuntura económica propícia à exportação foram factores que permitiram que este sector contribuísse positivamente para a balança comercial do nosso país.
1 • Margens de Vila Nova de Gaia, ao longe vemos a chaminé da fábrica das Devesas em funcionamento.
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