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Epilogo
Fecha-se um ciclo de cem anos. A empresa, que teve na sua génese a fabricação de artigos cerâmicos na área do barro vermelho, foi passando por várias fases que incluíram a cerâmica artística, os refratários e o grés derivou, nos anos cinquenta, para o fabrico dos sanitários, azulejos e mosaicos abandonando, progressiva e definitivamente, os materiais anteriores. A capacidade visionária de um dos acionistas, levou a concretizar um contrato de transferência de propriedade intelectual com uma empresa italiana, a Laveno do grupo Richard Ginori que levou ao pagamento de royalties, durante cinquenta anos. Esta empresa Italiana proporcionou o ensino, quer em Itália quer em Valadares, dos processos de fabrico que levaram à instalação definitiva do fabrico dos sanitários na Valadares. Vários foram os trabalhadores da empresa que estiveram em Itália a aprender os meandros desta tão difícil arte do fogo. O grupo foi constituído por várias áreas, desde a técnica até à produção. Tornou-se, assim a Valadares, na primeira empresa do país a produzir sanitários. A qualidade conseguida foi de tal maneira evidente que a marca liderou o mercado nacional durante várias décadas e teve, no mercado internacional, uma posição sempre preponderante. A sua área técnica e de conceção, coadjuvada por técnicos de excelência na sua produção, levaram à instituição de conceitos de controlo técnico que se mantiveram até aos dias de hoje e provaram estar à altura de todas as iniciativas de certificação que tiveram lugar nos anos noventa. De facto, a empresa já fazia um controlo apertado de tudo o que recebia do exterior e do seu produto intermédio e final por forma a garantir um nível de qualidade quase ausente de reclamações. No início da década de oitenta, a empresa tinha ao seu serviço cerca de mil e quinhentos colaboradores. Entre as décadas de oitenta e noventa, transformou toda a sua área de produção, cessando o fabrico de azulejos, mosaico e cimento cola passando a produzir somente artigos sanitários. A sua capacidade anual passou a ser, nesta altura, superior a um milhão de peças sanitárias e o número de colaboradores baixou para cerca de oitocentos.
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Trabalhar na área da cerâmica não é para toda a gente. É um trabalho duro, mas tudo o que se faz não cansa quando é com amor. E assim é com a cerâmica.
Belmiro Gomes Testemunho Oral
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