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Producao industrial
As peças em grés são produzidas sobretudo para encana- mento de água, gás e no caso da Valadares - privilegiada pela sua proximidade com a indústria vinícola presente nas margens gaienses do rio Douro, onde se localiza a maior parte das caves do vinho do Porto-, são também encontra- dos vestígios de garrafas em grés que armazenavam o vi- nho para posterior comercialização e exportação. O artigo “Grés, vinho e imigração: arqueologia de uma produção vitivinícola, São Paulo, 1920-1950” , de Rafael de Abreu e Souza, apresenta os resultados das escavações realizadas no sítio arqueológico Chácara Cayres, localizado no município de São Bernardo do Campo, São Paulo. O sítio representa uma antiga quinta familiar da primeira metade do séc. XX na qual foi construída uma adega para produção de vinho artesanal. A análise dos artefactos associados às estruturas que compunham a adega, com especial destaque às garrafas de grés, permitiu expor algumas possibilidades para a arqueologia histórica da cidade de São Paulo, da imigração e da reutilização de garrafas de outros produtores.
Na amostra gerada pelo resgate o grés compõe 14% da coleção, sendo que o segundo material mais abundante é de proveniência portuguesa, mais especificamente do norte de Portugal, área de tradicional indústria cerâmica e produção vinícola.
A análise mostrou existirem quatro tipologias de garrafa: bojuda ( fabricadas pela Fábrica Campos, Filhos, em Aveiro, Portugal), cilíndrica (fabricada para conter vinho verde, pela Fábrica Cerâmica Madalena, em Vila Nova de Gaia, Portugal), com ombro anguloso (fabricada pela Cerâmica Valadares, em Vila Nova de Gaia, Portugal) e com ombro arredondado (também fabricada pela Campos, Filhos), sendo o primeiro tipo o mais abundante. «»
Grés, vinho e imigração: arqueologia de uma produção vitivinícola, São Paulo 1920-1950
O uso de garrafas de grés de origem portuguesa, em geral de datação anterior ao início da produção de vinho na adega da Chácara Cayres, sugere processos de durabilidade e de conservação dos artefatos. (...) No presente exemplo, garrafas portuguesas de grés produzidas no séc. XX (quiçá no final do séc. XIX) foram consumidas e reutilizadas durante os anos 1930 e 1940 na região de São Paulo. «»
Grés, vinho e imigração: arqueologia de uma produção vitivinícola, São Paulo 1920-1950
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