Nº 51 - Revista Economistas - Março

Em diversas universidades de todo o Brasil, muitos estudantes ingressam no curso de Ciências Econômicas todos os anos sonhando em se tornarem economistas. Em 2013, na Universidade Federal de Juiz de Fora, em Minas Gerais, Thiago da Costa foi um deles – mas sua história é diferente de todas as outras. Ele sofre de paralisia cerebral, o que lhe causa diversas dificuldades na locomoção, na coordenação motora fina e em uma série de ações cotidianas – como escrever. A parte cognitiva, entretanto, não foi afetada – o que quer dizer que ele tem plena compreensão de tudo. Inicialmente, Thiago

sonhava em ser jornalista. “Sempre fui bastante antenado com conhecimentos gerais e gosto muito de comunicar, de dar opinião. Mas a minha limitação na fala dificultou, e comecei a pesquisar um curso que fosse próximo e interessante”, conta. “Comecei a perceber vários economistas dando entrevistas nos jornais, fazendo comentários e trabalhando com conjuntura econômica. Por isso, decidi estudar Ciências Econômicas”. O jovem mineiro entrou no curso com duas ideias em mente: atuar no mercado financeiro e em ser comentarista econômico. Entretanto, no começo, teve muita dificuldade. “Minha jornada foi bastante desafiadora desde o início. Mas, na minha caminhada, conforme me dedicava ao curso, percebi o que eu poderia fazer com ousadia e inclusão”, afirma. “Foi um processo de bastante persistência cursar esta graduação”. Enquanto ele cursava Ciências Econômicas, a Universidade criou o Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI). Vinculado à Diretoria de Ações Afirmativas, o NAI tem o objetivo de criar políticas para pessoas com deficiência, transtornos do espectro autista, altas habilidades e superdotação, tanto nos cursos de graduação quanto nos de pós-graduação. As políticas buscam garantir que os estudantes permaneçam na instituição.

Foi por meio do NAI que, em 2019, o estudante conheceu André Sobrinho, mestrando em Economia que atua como monitor voluntário. Ele se tornou um apoio fundamental, desenvolvendo metodologias que se adaptassem à necessidade e ao processo de aprendizagem – o que ajudou a melhorar o desempenho acadêmico de Thiago. “Os momentos mais importantes foram quando conheci o André e o professor Alexandre Zanine, e a implementação do NAI, que não existia antes”, explica Tiago. “Não existe nada como a convivência no processo de sensibilização das pessoas em relação à inclusão, tanto nos aspectos sociais quanto para levar o assunto para dentro da comunidade acadêmica”. Durante a pandemia ele criou o perfil @economia_inclusiva no Instagram, que se tornou um espaço para expor suas reflexões sobre economia e inclusão e, inclusive, foi tema do trabalho de conclusão de curso de Thiago. Ele foi orientado pela professora Laura Schiavon, especialista em avaliação de impacto e desenvolvimento econômico. “O Instagram me proporciona uma interação maior com o público para poder trabalhar com a inclusão”, conta o economista.

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