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INCLUSÃO FINANCEIRA E DADOS ALTERNATIVOS NA AMÉRICA LATINA UMA VISÃO DOS ESPECIALISTAS SOBRE OS AVANÇOS E MELHORIAS DE 2020

Ao longo de 2020, a discussão sobre uma economia mais inclusiva financeiramente esteve no centro da conversa da Fintech, reforçada ainda mais pelo surgimento de possíveis soluções para este dilema, como, por exemplo, a utilização de dados alternativos para avaliar a solvência. Diante do atual panorama bancário, e da desestabilização que a pandemia trouxe, surge a possibilidade não só de transformar o mercado de crédito, mas também de trabalhar pela inclusão financeira em termos sociais. O ecossistema financeiro da América Latina exclui um grande segmento da população que hoje não tem serviços bancários. Esses clientes potenciais não têm o histórico de crédito exigido pelos modelos tradicionais de classificação de crédito, especialmente aqueles de agências de crédito e, portanto, são marginalizados como “de risco”. A pandemia destacou esta crise financeira e ampliou o gap social existente. Bancos e organizações Fintech buscam solucionar o problema da inclusão financeira oferecendo integração com novas ferramentas tecnológicas de Inteligência Artificial. O uso de dados alternativos para classificação de crédito como uma solução potencial apresenta uma grande oportunidade de crescimento principalmente para as empresas Fintech na região. Novos desenvolvimentos tecnológicos são ajustados para avaliar os níveis de risco dos produtos financeiros através DESAFIOS DO SETOR FINANCEIRO NA ÉPOCA DA COVID

da aplicação de plataformas de scoring alternativas que agora complementam o uso de metodologias tradicionais para garantir uma avaliação mais precisa.

Exploraremos como a indústria Fintech se transformou no último ano e como 2021 começa com uma nova perspectiva positiva

e desafiadora no que diz respeito à inclusão financeira. Por meio da experiência e competência de especialistas financeiros da região, buscamos entender e ter um melhor foco em como a Fintech e as empresas financeiras tradicionais ajustaram sua classificação de crédito e requisitos burocráticos para fazer parte de uma nova forma de pensar sobre inclusão financeiros e sociais. Analisaremos as percepções e perspectivas compartilhadas de renomados profissionais do setor: Clementina Giraldo, Marcel Van Oost, Marcial González Fraga, Ignacio Carballo, Bruno Diniz e Sebastián Olivera para uma melhor abordagem do assunto.

IGNACIO CARBALLO: PESQUISADOR E DIRETOR DO ECOSSISTEMA DE PROGRAMAS FINTECH E DIGITAL BANKING, UCA

2020 foi um ano único para a inclusão financeira digital na América Latina. Ainda não podemos medir com certeza a magnitude do impacto impressionante que a COVID teve na bancarização da região, mas certamente foi um impacto sem precedentes. Muito desse fenômeno

foi consequência da ajuda emergencial que os estados trouxeram aos seus cidadãos em um contexto de isolamento e confinamento preventivo e obrigatório. Só no Brasil, o “Coronavaucher” pago pela Caixa Tem, App da Caixa Econômica Federal, atingiu 66 milhões de pessoas, das quais estima- se que cerca de 36 milhões não tenham conta bancária. Ou seja, 17% da população sem conta bancária da região, segundo o Banco Mundial. Na Colômbia, o programa Ingreso Solidario atingiu 3 milhões de famílias, 19% da população, das quais 1,5 milhão não tinha conta bancária. Na Argentina, a Renda Familiar Emergencial é estimada em 3 milhões de pessoas sem conta bancária. Antes da COVID, estimava-se que 45,6% da população adulta da América Latina não estava incluída no sistema financeiro. Ou seja, 207 milhões de pessoas não tinham acesso à uma conta poupança. Em outras palavras, quase 20% da população sem conta bancária da região agora tem acesso ao sistema financeiro, contando apenas 3 economias de março a agosto. É um número simplesmente impressionante. Esses números marcam um antes e um depois para nossa região e impõem novas oportunidades e desafios para as ferramentas de inclusão financeira como as conhecemos. Só de pensar que mais de 40 milhões de pessoas agora têm acesso ao sistema financeiro e estão gerando dados formais sobre sua vida financeira, já é uma

oportunidade muito relevante para sistemas de dados alternativos. Vejamos um exemplo representativo de muitas empresas.

O Mercado Crédito financia aqueles que são excluídos do sistema bancário, em sua pontuação alternativa o mais valioso é o crédito passado recebido em sua plataforma e as vendas realizadas pelo Mercado Libre, mas inclui dados de bureau, navegação, cobrança, entre outros. Porém, se eles não conhecem o cliente porque ele não opera no sistema financeiro tradicional ou no Mercado Livre, eles dão menos dinheiro e a taxa é mais alta. À medida que alimentam seus dados e medem sua capacidade de reembolso, podem inseri- los no grupo anterior, diminuir a taxa e até aumentar o valor. Com essa lógica, a partir de junho de 2020, o Mercado Crédito teria concedido 3,2 milhões de créditos a 450.000 usuários na Argentina por US $ 11 bilhões. 80% não têm acesso a financiamento (eles sabem porque cruzam dados com a Nosis). Muito mais surpreendente é a quantidade de PMEs, a federalização de seus serviços e a quantidade que voltam a solicitar crédito. Como a análise de risco alternativa deve ser ajustada em face desta imensa população que agora “traz dados” sobre uso financeiro e consumo? Sem dúvida, a porta de inclusão financeira é maior, não só pelo acesso efetivo ao sistema financeiro, mas também pela geração de dados que este se propõe a atores alternativos. 2020 deixou um

novo piso em termos de acesso ao sistema financeiro, uma fonte de registro formal que as empresas de pontuação alternativa não serão capazes de ignorar. Na verdade, as melhores práticas virão da sinergia que os dados alternativos geram com este novo registro.

MARCEL VAN OOST: CONSELHEIRO E FUNDADOR DE STARTUPS FINTECH COM A COLABORAÇÃO DE MARCIAL GONZALEZ FRAGA - CONSULTOR E INVESTIDOR FINTECH

A América Latina , ao contrário da Europa, enfrenta uma dualidade única quando se trata de Fintech (tecnologia financeira). Por um lado, os principais países da LATAM ainda carecem de indicadores de inclusão financeira em todas as áreas (penetração do cartão

de débito, penetração da conta e agências bancárias por 100.000 cidadãos são KPIs claros). Por outro lado, as ferramentas tecnológicas disponíveis se espalharam pelo mundo em um ritmo muito mais rápido, abrindo espaço para a criatividade financeira e novos players na região. Com isso em mente, o uso de dados alternativos na América Latina para scoring de crédito tem feito grandes avanços tanto para consumidores quanto para PMEs. Pode não ser conhecida como Fintech, mas uma das vantagens competitivas da Mercado Crédito tem sido a utilização da Big Data no e-Commerce para decisões de crédito. Os endereços de envio e códigos postais, em combinação com a frequência de compras na plataforma, foram os principais fatores. O uso de dados de smartphones no Brasil (um dos maiores países com usuários de dispositivos móveis per capita do mundo) fornece abordagens interessantes de pontuação de crédito em relação ao uso de aplicativos, contatos do Facebook e outras informações de “scraping”. Na Argentina , alguns participantes estão aplicando tecnologia para impulsionar a abordagem dos bancos para financiar e emprestar dinheiro aos que estão na base da pirâmide. É interessante como normalmente um cliente se qualificaria para um banco primeiro por meio de poupança e, por fim, por meio de crédito, mas as fintechs mudaram os fatores nessa equação. Se olharmos para o México , com mais de ¾ da população fora dos produtos financeiros tradicionais como cartões de crédito, além de ser

a maior economia de língua espanhola da LATAM e sua localização estratégica, o país é um paraíso para os fintechs que desejam olhar além das informações financeiras limitadas disponíveis, com foco em dados alternativos. No final do dia, tudo se resume a um uso adequado da Inteligência Artificial e bom senso. Os algoritmos da Machine Learning geralmente são baseados em resultados de caixa preta, portanto, isolar uma variável clara não deve ser o objetivo. Um foco em Big Data e um experimento inteligente, com variáveis, classificações e prazos definidos, fornecerão as informações de que as empresas precisam para iterar e tomar decisões de classificação de crédito.

CLEMENTINA GIRALDO: CEO AND FOUNDER, DOTS & TECH

A América Latina conhece a tendência mundial de redução do uso de numerário e, como efeito da COVID 19, os serviços financeiros digitais têm sido os protagonistas da reativação de diversos setores econômicos. Em 2020, a maior adoção de pagamentos, transferências digitais e comércio eletrônico era evidente na região.

O universo latino-americano da Fintech conta com mais de 2.000 empresas em diferentes graus de maturidade, sendo Brasil, México, Argentina e Colômbia os países que lideram o desenvolvimento do setor. Na região predominam as empresas de pagamento e transferência digital, seguidas do crédito digital e a oferta se completa com soluções de financiamento coletivo, regtech, factoring, insurtech, richtech, neobanks, blockchain e plataformas de crypto-asset. A Colômbia tem cerca de 250 empresas Fintech e a indústria é liderada pelo segmento de crédito digital, com Lineru e RapiCredit como atores relevantes em crédito ao consumidor e Sempli e Finaktiva em crédito para PMEs. Com relação ao ecossistema de pagamentos digitais, a Colômbia possui 5 Empresas Especializadas em Depósitos e Pagamentos Eletrônicos (SEDPE) Movii, Powwi, Ding, Coink e Dale, além do correspondente bancário digital da Rappi com Davivienda, através do RappiPay, a carteira Tpaga e as carteiras digitais dos bancos. Nesse segmento, ao longo de 2020, destaca-se o crescimento de usuários Movii, que passou de 200.000 para mais de 1 milhão de usuários, carteiras de bancos como o Daviplata que passou de 6 milhões para mais de 11 milhões de usuários, e Nequi, que passou de 1,5 milhão a mais de 3,2 milhões de usuários em 2020, ultrapassando juntos mais de 20 milhões de usuários, atingindo um crescimento correspondente a 300% no país. O exposto foi motivado, entre outras coisas, pelo governo ao utilizar a SEDPE (Fintech) para a entrega de subsídios. Por sua vez, a Argentina conta com 268 empresas Fintech (Câmara Argentina de Fintech, BID, Afluenta, Deloitte 2020), liderada pelo segmento de pagamentos digitais com 64 empresas nesta vertical, que inclui 27 carteiras digitais, serviços de processamento de pagamentos, agregadores, gateways e empresas de pagamentos internacionais, entre outros, liderados pelo Mercado Pago, seguido por Ualá, que abriu operações no México em 2020. O conjunto de carteiras

Fintech ultrapassa 8 milhões de usuários sem contar as carteiras digitais dos bancos. Além disso, algumas iniciativas adotadas pelo BCRA tiveram maior adoção em 2020, como as transferências imediatas de fundos, débito imediato (Debin) e o uso da Chave Virtual Uniforme acompanhada de outras medidas para caminhar em direção a um ecossistema de pagamentos 3.0 a favor de interoperabilidade, que juntos tem favorecido a adoção massiva de soluções de tecnologia financeira. Respeito ao México , de sua indústria composta por mais de 500 empresas Fintech, 60 das 85 empresas que apresentaram pedido à Comissão Nacional de Bancos e Valores Mobiliários em cumprimento da Lei Fintech, correspondem a instituições de fundos de pagamento eletrônico, indicando a elevada presença de empresas neste segmento. Isso, somado à implementação do CODI, contribuiu para facilitar a interoperabilidade dos pagamentos e transferências digitais. A ascensão desses produtos e serviços digitais tem reflexos positivos na inclusão financeira da população e, consequentemente, a região tem testemunhado a expansão de unicórnios de diferentes segmentos. Por um lado, o Nubank do Brasil, que além de ter entrado no México, anunciou a sua entrada na Colômbia, encerrando 2020 com cerca de 30 milhões de clientes. Além disso, a Rappi de origem colombiana, estrelou um aumento na adoção de seus serviços, sendo uma aliada das micro, pequenas e médias empresas em sua atividade comercial durante os meses de reclusão e recentemente se aventurou no crédito ao consumo com o lançamento de seu novo cartão de crédito. Por fim, o Mercado Libre lidera o comércio eletrônico na região, atingindo 76 milhões de usuários ativos em suas diferentes unidades de negócios, o que representa um crescimento de mais de 92% ano a ano. De referir que foram registados 17 milhões de novos utilizadores durante o terceiro trimestre de 2020. Seu ecossistema é complementado pelo Mercado Pago, que se destaca no processamento de pagamentos digitais com 4,2 milhões de transações por dia (Mercado Libre, 2020) e pelo Mercado Crédito, que oferece crédito de capital de giro para empresas na Argentina, Brasil e México, com planos expansão da unidade de crédito para a Colômbia, onde recentemente inaugurou seu novo centro de distribuição e anunciou a implantação de seu centro de inovação e desenvolvimento. O cenário acima mostra que em uma região com maior adoção de serviços por meio digital e uma oferta ampliada da Fintech, o uso de fontes alternativas de dados para analisar comportamentos e tendências, e mitigar riscos no setor financeiro, torna-se mais relevante. Dessa forma, a ampliação do acesso e do uso de produtos financeiros digitais pela população com o uso de tecnologias que permitam mitigar riscos pode ter um papel relevante para uma reativação econômica inclusiva na região.

BRUNO DINIZ: FINTECH ADVISOR, MANAGING PARTNER DA SPIRALEM E

AUTOR DO LIVRO “O FENÔMENO FINTECH”

O fenômeno Fintech tem avançado bastante ao longo dos últimos 5 anos na América Latina, sob a promessa de reduzir os altos custos praticados no mercado local, aumentar a competitividade no setor e trazer soluções que consigam incluir uma maior parcela da população que ainda se

vê à margem do sistema financeiro. Para acomodar uma gama cada vez mais diversa de entrantes no mercado, autoridades financeiras da região vêm criando regulamentações e abrindo aos poucos o espaço para uma maior concorrência. Cada país tem avançado em um ritmo próprio e, em alguns casos, importado alguns modelos desenvolvidos em ambientes mais maduros (como no Reino Unido, por exemplo), sendo que o Brasil e o México vêm se destacado por possuírem agendas mais ambiciosas que os demais nesse quesito e também por se alinharem com o benchmark britânico. Além desses elementos, vimos a adoção de soluções financeiras digitais na região aumentar ano após ano e um crescente interesse de fundos de investimento estrangeiros em fomentar os potenciais unicórnios latino-americanos. O ano de 2020 prometia mais um cenário de recordes e progresso para o segmento fintech, contudo, muitas dúvidas apareceram à medida que o Covid-19 se alastrou na região. Contrariando o sentimento negativo do mercado, presenciamos um interessante impulso nos negócios de uma boa parte dos players, sobretudo aqueles que souberam expandir sua base de clientes em cima da rápida transição de comportamento em direção à adoção de soluções digitais. Um dos casos mais surpreendentes foi da fintech Brasileira Picpay, que fechou acordos com alguns governos estaduais e municipais para a distribuição de auxílio emergencial e disponibilizou sua tecnologia de pagamentos via QR Code para viabilizar doações em dezenas de Lives beneficentes que aconteceram no país. A carteira digital possuía 12 milhões de clientes em dezembro de 2019, viu esse número subir para 20 milhões em maio de 2020 (nos primeiros meses de isolamento) e atingiu a impressionante marca de 30 milhões em agosto de 2020. Com isso, a empresa já passou a desenvolver uma linha mais ampla de soluções,

como crédito e conta remunerada, para servir sua imensa base de clientes recém adquirida, da qual fazem partes muitos desbancarizados. Ainda falando de avanços junto aos desbancarizados, temos o incrível exemplo da Caixa Econômica Federal, que foi utilizada pelo Governo brasileiro para distribuir auxílio emergencial e conseguiu realizar a abertura de 109 milhões de contas digitais via seu aplicativo “Caixa Tem”, o que representa 7 em cada 10 adultos no Brasil. Assim, uma enorme parcela da população que talvez nunca tenha utilizado o smartphone para

realizar transações financeiras passou a ter contato com um mundo novo de possibilidades, algo que certamente aumentará a sua propensão à utilização de serviços de fintechs locais ou mesmo de outras soluções digitais ofertadas pelos bancos. Uma maior digitalização do mercado e ampliação da inclusão financeira deve ser facilitada também pelo avanço de soluções de pagamentos instantâneos, como é o caso do CoDi no México e o Pix no Brasil, que reduzem os custos de aceitação de pagamentos por parte dos lojistas (que ainda representa uma barreira na utilização, sobretudo no México) e os custos das transferências entre pessoas. O Open Banking também segue em construção nesses países mesmo com a pandemia, levando o mercado financeiro para outros patamares em termos de utilização de dados financeiros para a customização de soluções para públicos das mais diferentes classes sociais, além de ampliar ainda mais a competição entre os players que atuam na prestação de serviços financeiros. Podemos facilmente dizer que 2020 é um importante ponto de inflexão para a América Latina, ajudando a fortalecer as bases de uma revolução fintech que já provou sua antifragilidade diante de uma das maiores crises já vistas. Os desafios que ainda temos pela frente na região são grandes e não se resolverão do dia para a noite, porém, com todos esses movimentos que presenciamos na história recente, podemos ter a esperança de avançarmos mais nos próximos 5 anos do que nos últimos 20 sob o ponto de vista financeiro.

SEBASTÁN J. OLIVERA: FOUNDER, MONTEVIDEO FINTECH FORUM E CO-FOUNDER, WE- FINTECH – RED IBEROAMERICANA DE MUJERES.

SDe acordo com o World Economic Outlook Update de junho, a economia da América Latina e do Caribe contrairia 9,4% em 2020, projetando uma leve recuperação de 3,7% projetado

para 2021. Os efeitos desta crise sem precedentes com uma recuperação incerta, serão piores para os países que sofrem altos graus de exclusão, instabilidade social e política, baixa qualidade e penetração da educação financeira, além de falta de infraestrutura adequada. Enormes dívidas continuam não pagas como resultado das restrições mencionadas e não fomos capazes de criar um sistema de informação verificável, refinado e consistente para tomar melhores decisões financeiras. Isso é resultado direto de deficiências, principalmente nas áreas de infraestrutura; e com um impacto especial nos sistemas de validação de identidade e acesso a produtos financeiros ajustados ao risco (especialmente para os excluídos e para as PME). Infelizmente, essa vulnerabilidade levará ao aumento dos níveis de exclusão e à deterioração do acesso ao crédito, em níveis cujo volume não pode ser quantificado nas condições atuais. É justamente a falta deste sistema de informação consolidado e a nova realidade imposta pela Covid-19, que gera a necessidade de adoção de desenvolvimentos digitais, para ajustar as equações de risco em produtos financeiros através da utilização de sistemas de pontuação alternativos complementar aos métodos tradicionais. Mas essa é apenas metade da equação, já que a promessa da Fintech só é válida quando há inclusão financeira efetiva. Ou seja, não basta gerar grandes sistemas de processamento e análise de dados, torna-se imprescindível atender à realidade econômica e social dos clientes; entender quais são os insights que orientam os processos de decisão. Por isso, garantimos que os novos produtos financeiros devem considerar o nível de conhecimento financeiro de seus usuários e

contribuir com seu design para aumentar sua educação financeira. Quem o fizer poderá escalar maciçamente sua proposta de valor, comprovando que a inclusão financeira não é apenas moralmente correta, mas também um grande negócio para a economia. É aqui que reside o verdadeiro potencial das Fintechs, como verdadeiras facilitadoras da inclusão financeira de um volume significativo de população e de forma eficiente.

2020 transitou uma utilização acelerada de dados alternativos para gerar um impacto social positivo na criação de negócios sustentáveis. A informação disponível, fruto das medidas de ajuda económica implementadas durante a OLHANDO PARA O FUTURO - 2021 NO SETOR FINANCEIRO

pandemia, permitiu uma integração mais ampla de novos clientes no sistema financeiro. Essas pessoas, antes excluídas do financiamento, estão criando seus próprios negócios e, assim, ajudando a fazer a economia crescer.

Dados esses grandes avanços para a região, os próximos anos terão um impacto incalculável sobre o setor financeiro, muito mais poderoso do que na última década. O impacto espera não apenas mudanças maiores no sistema, mas também na sociedade na sua forma de consumir, pagar e financiar. 2020 veio para mudar o paradigma em países onde a inclusão social sempre foi um grande problema, um assunto que precisava de sua própria atenção e cuidados especiais. Apesar da desestabilização do sistema financeiro causada pela pandemia, encontramos novos clientes com dados valiosos anteriormente ignorados. Os avanços em Big Data e a Machine Learning estão prontos para fornecer as informações adequadas de que as empresas precisam para contribuir com o acesso ao crédito. Este quadro tornou-se uma oportunidade ainda maior para 2021, um desafio para a indústria com a possibilidade de reavivar a economia e introduzir formas inovadoras antes impensáveis para atingir o objetivo final, a inclusão financeira.

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