BRUNO DINIZ: FINTECH ADVISOR, MANAGING PARTNER DA SPIRALEM E
AUTOR DO LIVRO “O FENÔMENO FINTECH”
O fenômeno Fintech tem avançado bastante ao longo dos últimos 5 anos na América Latina, sob a promessa de reduzir os altos custos praticados no mercado local, aumentar a competitividade no setor e trazer soluções que consigam incluir uma maior parcela da população que ainda se
vê à margem do sistema financeiro. Para acomodar uma gama cada vez mais diversa de entrantes no mercado, autoridades financeiras da região vêm criando regulamentações e abrindo aos poucos o espaço para uma maior concorrência. Cada país tem avançado em um ritmo próprio e, em alguns casos, importado alguns modelos desenvolvidos em ambientes mais maduros (como no Reino Unido, por exemplo), sendo que o Brasil e o México vêm se destacado por possuírem agendas mais ambiciosas que os demais nesse quesito e também por se alinharem com o benchmark britânico. Além desses elementos, vimos a adoção de soluções financeiras digitais na região aumentar ano após ano e um crescente interesse de fundos de investimento estrangeiros em fomentar os potenciais unicórnios latino-americanos. O ano de 2020 prometia mais um cenário de recordes e progresso para o segmento fintech, contudo, muitas dúvidas apareceram à medida que o Covid-19 se alastrou na região. Contrariando o sentimento negativo do mercado, presenciamos um interessante impulso nos negócios de uma boa parte dos players, sobretudo aqueles que souberam expandir sua base de clientes em cima da rápida transição de comportamento em direção à adoção de soluções digitais. Um dos casos mais surpreendentes foi da fintech Brasileira Picpay, que fechou acordos com alguns governos estaduais e municipais para a distribuição de auxílio emergencial e disponibilizou sua tecnologia de pagamentos via QR Code para viabilizar doações em dezenas de Lives beneficentes que aconteceram no país. A carteira digital possuía 12 milhões de clientes em dezembro de 2019, viu esse número subir para 20 milhões em maio de 2020 (nos primeiros meses de isolamento) e atingiu a impressionante marca de 30 milhões em agosto de 2020. Com isso, a empresa já passou a desenvolver uma linha mais ampla de soluções,
Made with FlippingBook Digital Publishing Software