Grande Consumo N.º 91

entrevista

N.91

A Salsa Jeans comemorou 30 anos em 2024. É muito ou pouco tempo para uma marca? A maioria das pessoas não tem noção dessa data, pensa que existimos já há mais tempo, o que, na minha opinião, constitui uma faceta da relevância do que conseguimos construir nos últimos 30 anos. É uma história de empreendedo - rismo e de crescimento desde o primeiro dia. Hoje, a Salsa é uma das marcas em destaque, não só em Portugal, como no panorama ibérico. E é uma marca que faz cerca de 70% das suas vendas no estrangeiro, com mais de 1.200 colaboradores que operam em quase 50 países. Trabalhamos sempre para entregar um produto de excelência e inovador, o que nos tem permitido mantermo-nos competitivos e atuais no mercado. A Salsa de hoje é, ao mesmo tempo, uma Salsa diferente e uma Salsa igual à que nasceu há 30 anos. É diferente porque estamos ajustados ao que é o mer - cado da moda, muito distinto do que era nos anos 90, mas é igual porque conti- nuamos a reger-nos pelos mesmos valores, ainda que a maneira como se mate- rializam e são comunicados tenha evoluído. No core , continuamos a ser uma marca de jeans, uma marca de jeans para toda a gente e para todos os corpos. Daí a nossa filosofia “ jeans for everybody”. Porque a nossa principal preocupação é trabalhar essa peça que constitui um complemento de confiança para os nossos clientes. E somos uma marca orgulhosamente portuguesa. O que é que isso significa, hoje em dia? Não é tanto agitar uma bandeira ou colocar um selo nos nossos produtos, tem a ver com a maneira como fazemos as nossas peças, por exem - plo, com o uso de técnicas portuguesas, como os bordados. E tem a ver com a inspiração dos nossos artistas. Um pormenor que muita gente desconhece é que o bordado do bolso traseiro dos nossos jeans , a aranha, é uma simplifica - ção da Ponte D. Luís, no Porto. As pessoas que trabalham o produto na Salsa são obcecadas pelo detalhe, levam-no a esse limite: são duas linhas que, para a maior parte das marcas, não significam nada, mas que, para nós, têm esse simbolismo. Celebramos 30 anos de muita inovação de produto, de ligação da investiga - ção tecnológica com o craftsmanship mais tradicional possível. E isso só é pos- sível porque fazemos questão de manter uma unidade produtiva em Portugal, que assegura parte da nossa produção. Além disso, há uma grande preocupação com a eficiência dos processos. Que, hoje, tendemos a encaixar no chapéu da sustentabilidade ou da responsabilidade corporativa ambiental, mas que, na Salsa, sempre existiu. Aliás, a Salsa nasceu numa lavandaria industrial preci- samente por uma questão de eficiência, porque já havia essa noção de que era preciso fazer mais com menos, para crescer melhor. Esmiuçando a sua resposta, que significado atribui à perceção de que a Salsa está há mais tempo no mercado? Mostra que a marca é reconhecida pelos consumidores como uma marca de valores e não de transição ou de tendências, apesar de ser uma marca atual. Os consumidores tendem a assumir que estas marcas têm já um grande percurso para trás. E 30 anos, para a maioria das pessoas em Portugal e em Espanha, é quase a totalidade do seu contacto com as marcas de moda, porque antes dos anos 90, sobretudo no nosso país, tínhamos uma oferta muito reduzida. Aliás, estamos há tantos anos em Espanha e presentes em tantos pontos de Hugo Martins é CEO da Salsa Jeans desde 2022 e o protagonista de uma entre- vista em que se fala da estratégia da marca portuguesa que começou numa lavandaria da região de Famalicão e que hoje está presente em cerca de meia centena de países. Com ambição para outras geografias, algumas já com con - tornos bem definidos, outras ainda como esboço de um cenário futuro. A in - ternacionalização, diz, faz o fit perfeito com o ADN empreendedor e inovador que conduz os destinos da marca desde 1994.

Grande Consumo

Hugo Martins

GC

HM

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