Grande Consumo N.º 91

GRANDE CONSUMO

“Tentamos que cerca de 50% das compras aconteça em origens próximas, quer em Portugal, quer em países vizinhos, e os outros 50% em origens mais distantes, porque o risco de um desequilíbrio na cadeia, e de ficarmos sem fornecimento, é muito elevado, especialmente no sector da moda”

Outra aposta é manter a produção, pelo menos parte, em Portugal. Qual é a estratégia? Neste âmbito, colocam-se dois temas: o das origens e o da produção propria - mente dita. Especialmente no pós-Covid, vivemos uma realidade de muita instabilidade em termos de cadeia de abastecimento, pelo que tomámos uma decisão importante para a empresa: manter uma cadeia balanceada em termos de origens. Tentamos que cerca de 50% das compras aconteça em origens pró - ximas, quer em Portugal, quer em países vizinhos, e os outros 50% em origens mais distantes, porque o risco de um desequilíbrio na cadeia, e de ficarmos sem fornecimento, é muito elevado, especialmente no sector da moda. No entanto, há tipologias de produto em que é virtualmente impossível fa- zer em quantidade na Europa. A deslocalização da capacidade produtiva foi tão acelerada em determinados verticais que não tenho outra opção. Mas porque é que isto não necessariamente mau? Porque tenho fornecedores de elevadíssima qualidade nalgumas origens. O importante é trabalhar com uma base estável, pequena e pelo maior número de anos possível. Mais de 50% dos nossos forne - cedores está connosco há mais de cinco anos, o que é elevado para o sector, mas é assim que garantimos um produto de qualidade. Em relação ao que é fabricado em Portugal, trabalhamos num modelo semi - vertical, com um conjunto de parceiros que asseguram a confeção, sendo que depois acabamos as peças na nossa unidade industrial em Ribeirão.

GC

HM

Portuguesa, com orgulho

Hugo Martins afirma, com convicção, que a Salsa é uma marca orgulhosa - mente portuguesa. E conta que, no recente processo de renovação, com vista ao novo ciclo de crescimento, evidenciou-se, precisamente, esse traço. “Quisemos ir ao fundo da questão e descobrimos que éramos muito portu- gueses na maneira como fazemos as coisas, no que nos inspira, não no car- tão-postal, no galo de Barcelos ou no pastel de nata. Não no registo turístico, mas naquilo que é intrínseco e que, às vezes, é difícil de explicar” , partilha. Além dos produtos, a portugalidade está presente na comunicação, com as campanhas da Salsa feitas exclusivamente em Portugal, filmadas em re - giões que vão do norte minhoto ao interior alentejano e, mais recentemente, na Madeira. “Tem muito a ver com a maneira como vivemos o espaço e as nossas cores, sem ser kitsch, e o púbico internacional gosta dessa imagem” , comenta, sublinhando que “quem compra produtos portugueses não espe- ra ver uma coisa de massas, espera detalhe” . E os mercados externos sabem que a Salsa é portuguesa? O CEO garante que sim. “Fazemos questão de nos apresentarmos como tal e de levar este imaginário do que é Portugal, não do turista, mas do português. As pessoas procuram coisas diferentes e não há nada de mais diferente do que uma mar- ca de denim feita em Portugal. É mesmo uma pedrada no charco” , reforça.

106

Made with FlippingBook - professional solution for displaying marketing and sales documents online