GRANDE CONSUMO
Quando se fala de um impacto da Generative AI de 400 a 660 biliões de dólares no retalho e no grande consumo, é caso para se perguntar se esta é mais uma estória da carochinha ou se o génio da lâmpada tinha mais um desejo guardado? Os anos de 2023 e 2024 foram marcados por níveis de in - flação desafiantes para a maioria dos tradicionais retalhistas europeus, com um consumidor sensível ao preço, à procura de marcas próprias e discounts . Mas o final de 2024 e o início de 2025 parecem já trazer sinais de recuperação e de um consumidor à procura de valor acrescentado e inovação. Apesar das principais preocupações dos CEOs do retalho europeu continuarem focadas na pressão de custos e mar - gens e no downtrading dos consumidores (McKinsey, agosto 2024), a inteligência artificial (AI) e analítica avançada são já uma clara prioridade e em ascensão. O aparecimento da Generative AI assemelha-se à estória de Aladino e da Lâmpada Mágica, uma estória de um sector resiliente, em constante reinvenção, mas que é na sua essên - cia tradicional e cujo fundamento continua imutável, a in- termediação de produtos entre o fabricante e o consumidor. Mas um sector que anseia por uma lufada de ar fresco e cuja forma de relacionamento com o consumidor tem de ir mais longe e responder à necessidade de one size doesn’t fit all . A IA tradicional e a analítica avançada ainda dominam 90% das iniciativas, mas a Generative AI traz o potencial de reinventar a forma como o shopper se comporta nas lojas e a forma de relacionamento entre marcas, retalhistas e consumidores. As iniciativas mais relevantes focam-se na otimização de sortido, preços e promoções, áreas-chave da gestão por categorias. Mas há um valor escondido por detrás de todas as iniciativas e que se foca na eficiência operacio - nal e na excelência de serviço, sem esquecer a reinvenção da forma de relacionamento com o consumidor graças a chatbots , novas formas de busca de produtos e hiperperso- nalização. Certamente que muitas destas iniciativas se vão revelar uma autêntica estória da carochinha, onde a descoberta duma possível riqueza conduzirá à busca incessante e infrutífera do par certo para o casamento, podendo causar a queda do João Ratão no caldeirão. Mas, de entre nove ideias e tecnologias que cairão no caldeirão, haverá pelo menos uma cuja rentabilidade permitirá pagar as outras e ir ainda mais longe. Pessoalmente, sou um enorme fã de tudo o que é Compu - ter Vision aliado a Generative AI, não apenas na perspetiva do consumidor, mas da operação de loja. Imagine-se o dia em que será possível termos imagens da loja que nos permitam não só identificar as ruturas de stock , mas antecipá-las, pre- vendo que irão acontecer em breve e evitando que aconte - çam. A crença de que as ruturas de produto apenas represen - tam 2% a 3% é claramente fruto da imaginação daqueles que são adversos à mudança, daqueles que colocam tantos filtros na análise de forma a mostrar que pouco há a melhorar.
opinião Inteligência artificial no retalho: a estória do Génio da Lâmpada ou da Carochinha? ARMANDO MATEUS CEO/CXO da TouchPoint Consulting
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