mercado
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lojas, o Grupo Sonae lançou a Wells, inicialmente sob o nome Área Saúde, e a seguradora bel- ga Ageas entrou no mercado através das marcas Médis e Ocidental, em parceria com o Millennium bcp. 2005 começou num sábado, segundo o calendário gregoria- no. A terça-feira de Carnaval ocorreu a 8 de fevereiro e o do- mingo de Páscoa a 27 de março. Segundo o horóscopo chinês, foi o ano do Galo, começando a 9 de fevereiro. Em novembro, nasceu a Grande Consumo.
O comércio em 2005: entre a expansão e a transformação
No início de 2005, o comércio em Portugal já vivia tempos de mudança. As ruas das cidades, outrora dominadas por pequenas lojas familiares, começavam a ver as suas montras substituídas por anúncios de arren- damento. Ao mesmo tempo, as grandes superfícies comerciais pros- peravam, estendendo-se pelo país a um ritmo acelerado. O consumidor português, sempre atento às novidades, começava a alterar os seus há- bitos, seduzido pelo conforto e pela conveniência das grandes cadeias de distribuição. Segundo a AC Nielsen, hoje Nielsen IQ, Portugal tinha, na altura, um hi- permercado para cada 150 mil habitantes, um rácio inferior ao de Espa- nha (110 mil habitantes por hipermercado) e França (50 mil habitantes por hipermercado). Estavam a dar-se os primeiros passos da liberali- zação no sector do comércio e os operadores de retalho investiam na sua expansão. Pelas contas da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição, abriram, nesse ano, 104 novas lojas de grande dimensão, representando um total de mais de 125 mil metros quadrados de área de venda. As aberturas foram lideradas pelas lojas discount , com 20 novos Plus, 14 Lidl e quatro Dia/Minipreço. Também foram inaugurados cinco Modelo, quatro Pingo Doce, dois Continente, um Auchan, um Fei- ra Nova e um Modelo Bonjour. E, no segmento de lojas especializadas, as marcas da Sonae dominaram a expansão: a Sportzone abriu 11 novas unidades, a Worten 10, a Vobis sete e a Modalfa seis. Mas nem só de expansão viveu o sector. As mudanças estratégicas das grandes marcas começaram a pressionar o pequeno comércio, que já enfrentava dificuldades desde o final da década anterior. As compras semanais nos hipermercados substituíam as idas diárias à mercearia da esquina, os pequenos talhos perdiam clientes para os balcões refrigera- dos das grandes superfícies e até os livreiros e papelarias sofriam com a ascensão das grandes redes. Os retalhistas independentes viam-se obrigados a reinventar-se ou a fechar as portas. As lojas chinesas, por outro lado, tornavam-se cada vez mais populares entre os consumidores. Em Lisboa e no Porto, de acordo com a Mark- test, 60,9% da população fazia compras nestes estabelecimentos, prin- cipalmente adquirindo vestuário (35,9%), artigos para o lar (21,8%) e de decoração (20,5%). O preço acessível dos produtos era o principal fator de atração (53,8%). Ao mesmo tempo, os centros comerciais tornavam-se verdadeiros polos de interesse para os consumidores, misturando compras e lazer numa experiência difícil de replicar nas ruas tradicionais. 2005 foi mar- cado pela inauguração de vários espaços de referência: o Fórum Viseu, o LoureShopping e o Dolce Vita Porto, hoje Alameda Shop & Spot. O ano de 2005 marcou, assim, uma transição importante para o sec- tor do comércio em Portugal. A consolidação das grandes superfícies, a ascensão dos discounts (10 anos após a sua chegada a Portugal, o Lidl contava já com 154 lojas) e a chegada de novas marcas internacionais mudaram o panorama do retalho nacional. O pequeno comércio lutava para se adaptar, enquanto os consumidores, cada vez mais exigentes e atentos ao preço, aprendiam a navegar num mercado em rápida evolu- ção. Olhando para trás, 2005 foi um ano de desafios e de oportunidades. O comércio tradicional enfrentou tempos difíceis, mas também se abriram novas perspetivas. Algumas marcas reinventaram-se, outras desapare- ceram, mas uma coisa é certa: o sector nunca mais foi o mesmo.
“O ano de 2005 marcou uma transição
importante para o sector do comércio em Portugal. A consolidação das grandes superfícies, a ascensão dos discounts (10 anos após a sua chegada a Portugal, o Lidl contava já com 154 lojas) e a chegada de novas marcas internacionais mudaram o panorama do retalho nacional”
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