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N.91
tema de capa “Se alguma coisa
aprendi, nestes 20 anos, é que é impossível prever as dinâmicas do retalho” texto CARINA RODRIGUES fotografia SARA MATOS / SHUTTERSTOCK
Ao longo dos últimos 20 anos, o retalho e o consumo em Portugal foram marca- dos pela transformação constante e pela capacidade de adaptação — tanto das in- sígnias, face a crises e mudanças tecno- lógicas, como dos consumidores, cada vez mais informados e exigentes. Numa conversa reveladora com Ana Paula Barbosa, retailer services director da Nielsen IQ, refletimos sobre estas duas décadas de evolução. Da crise de 2008 à revolução digital, passando pelo impac- to da pandemia e pelo papel crescente das redes sociais, às tendências que irão moldar o futuro.
A Nielsen IQ tem acompanhado a evolução do consumo e do retalho, ao longo destas duas décadas. Se tivéssemos de defi - nir os últimos 20 anos numa palavra, qual seria? Se tivesse de eleger uma palavra para caracterizar a evolução nestes 20 anos, seria a de “transformação”. Mas gostaria tam - bém de salientar a capacidade de adaptação do retalho, não só à evolução do consumidor, como também ao contexto, tal como a capacidade de adaptação do consumidor a este mesmo contexto e às novas ofertas do retalho. O retalho, em particular o alimentar, é dos sectores mais resistentes às crises e, nos úl - timos 20 anos, isso tem sido muito claro. Em 2005, como era o cenário do consumo e do retalho em Por- tugal? Que características marcavam esse período? Em 2005, estávamos num contexto em que o formato hiper - mercado estava a entrar numa fase de decréscimo, digamos assim. É verdade que, em 1997, tinha havido uma mudança na legislação que restringiu muitas aberturas de lojas com mais de dois mil metros quadrados. Portanto, o retalho teve de se adaptar e começaram a abrir lojas até 1.999 metros quadrados, para poderem estar abertas ao domingo de tarde. Naquela al- tura, lojas de dimensões superiores não o podiam fazer. A medida tinha por objetivo proteger o comércio tradicio- nal, mas acabou por ser um pouco contraproducente, porque o formato supermercado começou a expandir, adaptou-se e, ao mesmo tempo, apareceram os discounts . Nesse ano de 2005, prevíamos um grande crescimento dos supermercados e dos dis- counts. Recordo que até fizemos conferências sobre o tema.
Ana Paula Barbosa, retailer services director da Nielsen IQ, considera que se tivesse de escolher uma palavra para caracterizar a evolução dos últimos
20 anos seria a de “transformação”
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