Grande Consumo N.º 91

GRANDE CONSUMO

A evolução da distribuição mundial é uma longa viagem no tempo, desde os primórdios das trocas comerciais, passando pelo aparecimento do primeiro conceito de comércio moder- no, o grande armazém Le Bon Marché, em Paris, até aos dias de hoje, com o comércio eletrónico e as lojas automáticas. Por sua vez, a evolução da distribuição em Portugal tem pouco mais de 50 anos, desde a inauguração do primeiro su - permercado Pão de Açúcar, na Avenida Estados Unidos da América, em 1970, que marcou, indelevelmente, o panorama da oferta comercial existente, constituída praticamente por mercados municipais, mercearias, drogarias e tabernas. A partir daí, o grande desafio da distribuição começou a ser como chegar ao cliente, consumidor ou shopper , de forma relevante, criando e medindo uma experiência de compra, de consumo e de empresa que acrescentasse valor, coerente e consistente, através de todos os canais e pontos de contacto, quer offline , quer, mais recentemente, online . Podemos, assim, afirmar que o primeiro momento de vi - ragem começou com a introdução do sistema de livre serviço e o desenvolvimento do conceito supermercado, através do aparecimento da primeira grande cadeia de distribuição em Portugal, o Pão de Açúcar, com todas as suas inovações ope - racionais, comerciais, logísticas e, sobretudo, a forma radi- calmente diferente de se posicionar no mercado e perante o cliente consumidor. E, dessas inovações, podemos salientar a definição da “linha de mercadorias”, com o objetivo de fa - cultar variedade de oferta aos clientes, adequando-a às suas necessidades reais e potenciais, contribuindo decisivamente para o aparecimento de novos produtos, novas embalagens adaptadas ao livre serviço e novos fornecedores, dinamizan - do, de forma significativa, a oferta de produtos de consumo e o sector da produção em geral, a prospeção e seleção de fornecedores e a negociação das condições de compra, asse - gurando o regular funcionamento da oferta, em termos qua- litativos e quantitativos, de acordo com as necessidades do cliente e as características próprias da nova forma de comér- cio retalhista que se vinha afirmando, a procura permanente da obtenção, junto dos fornecedores, do melhor preço, per - mitindo a prática de preços de venda baixos, característica própria e fundamental deste tipo novo de comércio, permi- tindo aos consumidores a minimização do custo do seu cabaz de compras e contribuindo decisivamente para o controlo da inflação, que viria a ser um fator determinante no controlo de preços, sobretudo nos períodos de elevados índices de in - flação, a introdução de novas soluções operacionais nas lojas, melhorando os seus layouts e a comodidade dos clientes, e, naturalmente, a maior atenção dada ao marketing e ao mer- chandising no ponto de venda. Inserida nesta linha de evolução, sentiu-se a necessida - de de agregar alguns serviços, nomeadamente, as primeiras galerias comerciais junto dos supermercados, constituídas por conjuntos de pequenas lojas que completavam a oferta do supermercado e satisfaziam, no mesmo local, outras ne - cessidades dos clientes. Estas galerias comerciais associadas ao supermercado foram o primeiro prenúncio que levou ao

opinião Pequeno

inventário da distribuição JOSÉ ANTÓNIO ROUSSEAU Consultor e docente universitário www.rousseau.com.pt

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