Grande Consumo N.º 91

mercado

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de consumo que criam novas oportunidades, au- mentos da procura e ainda estimulam novos nichos de mercado a serem explorados. “Desta forma, cons- tata-se, por exemplo, que a procura por produtos alimen- tares desejados pelos segmentos de mercado dos imigran- tes tem levado as marcas de retalho alimentar a ampliar as suas gamas de produtos, incluindo ofertas com expe- riências culturais e gastronómicas distintas e adaptadas a estes novos targets” , exemplifica. Não se fica por aqui este novo mundo: afinal, os imigrantes dinamizam pequenos negócios locais, como restaurantes, mercearias e serviços de trans - porte, ao mesmo tempo que geram novas necessi- dades, nomeadamente, nos sectores financeiro e tecnológico. Uma afirmação que Tiago Fleming ali - cerça em exemplos, ao notar que as marcas de ser - viços financeiros cada vez mais oferecem pacotes personalizados para as comunidades de imigrantes e que as ofertas das marcas de telecomunicações, com pacotes específicos para necessidades de co - municação internacionais, facilitam o contacto dos consumidores com os seus países de origem. A oportunidade de “expandir a base de clientes, de- senvolvendo produtos e serviços culturalmente relevantes e estabelecendo uma comunicação que ressoe com as di- versas comunidades” é, exatamente, o que o secretá- rio-geral da APAN antecipa neste contexto. Admite, porém, que emergem alguns desafios para as mar - cas, entre eles o de compreender profundamente as necessidades e preferências dos consumidores imi- grantes. “Isto requer uma segmentação de mercado mais refinada e uma abordagem de marketing relacional que promova a lealdade e a fidelização” , preconiza. A professora Sandra Loureiro recorda que estes “novos” portugueses trazem novos costumes, gos - tos e interesses, mas também se podem adaptar à cultura local e até criar necessidades que resultam da combinação de culturas. O que, diz, é igualmen - te válido para os “velhos” portugueses, podendo dar origem a nichos ou segmentos de mercado, com produtos ou matérias-primas não tão comuns em Portugal. Certo é que as marcas têm de estar aten- tas. Uma mão cheia de oportunidades Afinal, há desafios a gerir e oportunidades que se abrem. “As marcas têm, em primeiro lugar, de reconhe- cer este potencial e a oportunidade de inovar e mesmo de se diferenciar. Após este reconhecimento, têm de desen- volver trabalho junto destas comunidades para melhor compreender os seus costumes, interesses e desejos. Os novos produtos (bens/serviços) poderão mesmo vir a ser do interesse dos ‘velhos’ portugueses, permitindo arrojar, inovar, ser mais disruptivo, mas também ter em atenção o efeito que venha a ter no mercado português mais tra- dicional” , opina. A propósito de inovação, a professora afirma que, neste cenário, passa sempre por um nicho, em- bora, gradualmente, possa ter uma aceitação mais

Resposta aos desafios demográficos e económicos passa pela imigração

Portugal enfrenta um futuro desafiante devido ao envelhecimento da população e à baixa taxa de natalidade, fatores que tornam a imigração um elemento essencial para a sustentabilidade eco- nómica e social do país. Segundo o novo Baróme- tro da Imigração da Fundação Francisco Manuel dos Santos, atualmente, 10% da população resi- dente em Portugal é composta por imigrantes, número que tem vindo a crescer desde 2015. No entanto, a perceção sobre a imigração continua a ser um tema divisivo entre os portugueses. Uma parte significativa da população ainda vê os imi - grantes como uma ameaça, apesar do seu papel essencial na reposição geracional e no mercado de trabalho. Agricultura e a mão de obra estrangeira Se há sector que é dependente da imigração é a agricultura e o Barómetro da Associação de Hor- ticultores, Fruticultores e Floricultores dos Con- celhos de Odemira e Aljezur assim o confirma, com 83% das empresas agrícolas a considerar os imigrantes fundamentais para o sucesso do sector. O estudo destaca que 73% das empresas tem mais de metade dos seus postos de traba- lho ocupados por imigrantes, com 45% a reportar uma presença superior a 75%. Os agricultores identificam desafios na contra - tação de mão de obra nacional, com 83% a atri- buir o problema ao desinteresse pela atividade, seguido do envelhecimento da população local (28%) e da falta de qualificação (21%). Quanto às políticas migratórias, 55% das empresas suge- re um maior alinhamento com as necessidades do sector, incluindo proteção dos trabalhadores (48%) e redução da burocracia (31%). Caminho para um Portugal mais rico Para que o país entre no grupo dos países mais ricos da União Europeia até 2033, precisa de um crescimento económico anual de pelo me- nos 3%, diz o Gabinete de Estudos Económicos, Empresariais e de Políticas Públicas (G3E2P) da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP), salientando que, para atingir essa meta, será necessário aumentar a imigração e evitar um declínio populacional de 5,8% no mesmo período. O estudo desmistifica a ideia de que os imigran - tes afastam os nacionais do mercado de traba- lho, concluindo que a sua presença expande o mercado interno, gera oportunidades de investi- mento e contribui para a Segurança Social.

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