mercado
N.91
Gonçalo Hall começa, no entanto, por diferenciar os conceitos de nomadismo digital e de imigração digital. E a explicação é simples: os nómadas digi - tais são… nómadas. Não imigram, ficam em média dois meses no país, ao passo que os imigrantes di- gitais utilizam as potencialidades do trabalho re - moto para se mudarem para Portugal, mantendo a sua atividade no exterior. Ambos – diz – são valio - sos, mas “são públicos completamente diferentes, com impactos diferentes” . E exemplifica que, enquanto o nómada pode ser comparado a um turista de longa duração, ficando por uma temporada no país, uti - lizando o alojamento turístico, o imigrante digital procura casa no mercado tradicional de arrenda- mento ou decide adquirir um imóvel. Este movimento nómada para Portugal come- çou em 2016, recorda Gonçalo Hall, com o posicio - namento de várias comunidades que serviam este mercado, tendo crescido depois com a chegada do Selina e do Web Summit. E conhecido novo impul- so em consequência da Covid-19 e do incremento do trabalho remoto em empresas de todo o mundo. “Vemos hoje que os nómadas já estão um pouco por todo o território, com destaque para a Madeira, que lançou aquele que foi o melhor projeto de atração deste mercado, para o Porto, que anunciou no último Web Summit um projeto liderado por nós, para Lisboa e para o Algarve, com destaque para Albufeira, onde acontece uma das maiores conferências mundiais para nómadas digitais, o Nomad World” , enquadra, considerando que Portu- gal tem ainda muito potencial para descentralizar e potenciar outras regiões. Afinal, o país beneficia de uma mão cheia de atrativos, como o clima, a gastronomia, a proficiên - cia no inglês e uma “excelente” infraestrutura de In- ternet. São argumentos que António Dias Martins corrobora, juntando-lhes a segurança e o facto de Portugal ser sétimo no Global Peace Index. Mas, porque “digital” é o adjetivo do momento, enfatiza a mais-valia da “conectividade digital avançada” , com redes 5G e fibra ótica em grande parte do território nacional, acima da média da União Europeia. O presidente da DNA realça, ainda, que a in - fraestrutura tecnológica está em crescimento e que o país mostra ser atrativo no investimento em áreas como software e IT. “Portugal oferece, assim, um equilíbrio único entre qualidade de vida e condições para trabalho remoto, que são os principais fatores que os nómadas digitais procuram nos seus destinos. Acrescem a estas condições, para quem escolhe Portugal para vir a desenvolver um projeto empreendedor, importantes be- nefícios e programas de apoio ao empreendedorismo que nos colocam – no plano dos negócios – numa posição de destaque na Europa” , sustenta. Incentivos q.b.? E o que tem Portugal feito para se posicionar neste domínio? O diretor executivo da Startup Portugal responde que o país tem estado na vanguarda, a ní-
“Enquanto o nómada pode ser comparado a um turista de longa duração, ficando por uma temporada no país, utilizando o alojamento turístico, o imigrante digital procura casa no mercado tradicional de arrendamento ou decide adquirir um imóvel”
vel europeu, quanto a programas e iniciativas para atrair profissionais e investidores internacionais. E concretiza com o StartUP Visa, para o acolhimento de empreendedores estrangeiros que pretendam desenvolver um projeto de empreendedorismo e/ ou inovação em Portugal, com vista à concessão de visto de residência ou autorização de residência para imigrantes empreendedores, e o Tech Visa, que tem como objetivo garantir que quadros alta- mente qualificados, estrangeiros à União Europeia, possam aceder a empregos criados pelas empresas portuguesas. A propósito, nota que os vistos são uma parte es - sencial, mas reconhece que não são suficientes para posicionarem o país como líder, sobretudo tendo em conta a concorrência internacional na atração e retenção de talento qualificado. Daí que, entre a legislação relevante, destaque a Lei das Startups, que definiu, em 2023, o que são startups e scaleups , tornando Portugal num dos primeiros países do mundo a ter estes dois conceitos na lei, incluindo o que diz ser “um dos regimes de stock options mais com- petitivos da Europa” . António Dias Martins dá conta de que esta lei abriu ainda espaço à manutenção do Regime de Residentes Não Habituais (RRNH) e ao Incentivo Fiscal para Inovadores e Criadores de Inovação (IFICI), para trabalhadores estrangeiros
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