GRANDE CONSUMO
Fortalecer a produção nacional Outro desafio crucial é a redução da dependência externa. Portugal, como outros países europeus, precisa de equilibrar a sua balança comercial. Da - dos do Instituto Nacional de Estatística (INE) mos- tram que as exportações agroalimentares e de be - bidas cresceram, em 2024, para um valor recorde - 8.190 milhões de euros -, mas há muito a fazer para reduzir a dependência de importações. Nesse sentido, Luís Mira sugere que a balança comercial deve ser equilibrada com exportações fortes, onde o país é competitivo, como os produtos agrícolas mediterrânicos. “Para tal, precisamos de um sector primário robusto, competitivo, com as empresas agrícolas a subirem na cadeia de valor, ao invés de serem esmagadas pelos impostos e pelos custos de produção, que vejam compensado o esforço do seu investimento. Por outro lado, é também importante os consumidores com- preenderem que, ao consumirem determinados produtos fora da nossa época de produção – por exemplo, cerejas no Natal – estão necessariamente a contribuir para o au - mento das importações. Essa é, de facto, uma realidade incontornável” . Com efeito, Portugal tem uma dependência significativa das importações, para suprir a procu - ra interna. É por isso que Ondina Afonso destaca projetos de fileira, como o arroz 100% português e o implementado com os cereais do Alentejo, numa “parceria sólida ” que permite reduzir a dependên - cia de cereais e farinhas produzidos nos mercados externos, e que Christelle Domingos defende a ne- cessidade de promover políticas de incentivo ao consumo de produtos nacionais, como campanhas de sensibilização e certificações de origem. “Redu- zir a dependência de importações exige uma reavaliação estratégica da cadeia de abastecimento, considerando que, em média, cerca de 50% a 70% das despesas opera- cionais desta área é destinado a fornecedores” , reforça João Pontes. “Priorizar fornecedores locais, regionais e nacionais não só reduz custos logísticos e a vulnerabili- dade a flutuações do mercado, mas também cria oportu - nidades para negociar condições mais flexíveis e melho - rias de preços e prazos de entrega” , acrescenta o senior partner da ERA. O apoio à inovação e promoção internacional é determinante neste caminho. Sublinhando que, na última década, o agroalimentar registou uma taxa de crescimento das exportações superior às impor - tações, Pedro Queiroz sustenta que o sector deve ser olhado como “um desígnio nacional” e ressalta a necessidade de tornar o ecossistema agroalimen- tar mais atraente para os jovens, com perspetivas de carreira e de aprendizagem ao longo da vida. “É relevante aproveitar as oportunidades de investimento em investigação, desenvolvimento e inovação para a con- ceção de novos produtos, serviços e modelos de negócio” , defende, reforçando a necessidade de promover um enquadramento adequado para que se possam realizar os investimentos necessários, não apenas
“Precisamos de um sector primário robusto, competitivo, com empresas agrícolas a subirem na cadeia de valor, ao invés de serem esmagadas pelos impostos e pelos custos de produção, que vejam compensado o esforço do seu investimento. Por outro lado, é também importante os consumidores compreenderem que, ao consumirem determinados produtos fora da nossa época de produção – por exemplo, cerejas no Natal – estão necessariamente a contribuir para o aumento das importações. Essa é, de facto, uma realidade incontornável”
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