Grande Consumo N.º 91

GRANDE CONSUMO

Assim, mais uma vez, as empresas devem me - lhorar a sua comunicação, apostando na transpa - rência e na certificação de produtos e processos por entidades externas, assim como em estratégias de marketing direcionadas. “Na verdade, a comunicação deve ser acessível e direta, para permitir que o consumi- dor compreenda o impacto positivo e o valor acrescentado do produto. Em suma, para que as empresas conquistem a confiança do consumidor, devem investir numa comu - nicação honesta e consistente e no compromisso real com práticas que beneficiem o planeta e a sociedade” , acon- selha a diretora executiva da PortugalFoods. Dito isto, a preparação para o futuro não pode depender apenas das empresas, pelo que a colabo- ração entre governos, academia e indústria será vi - tal para criar redes de apoio robustas e adaptáveis. Relatórios apontam que países que investem mais de 3% do PIB em investigação e desenvolvimento têm um sector agroalimentar mais resiliente e com- petitivo. Portugal, que atualmente investe apenas cerca de 1,5%, tem aqui uma oportunidade para crescer.

Diferenciar através do património cultural

A valorização dos produtos nacionais e locais é um fator fundamental para a competitividade do sector agroalimentar em Portugal. Como destaca Chris- telle Domingos, os produtos associados a tradições regionais e a técnicas artesanais podem conquistar nichos premium , tanto no mercado interno como nas exportações, daí a importância de uma aposta clara na promoção de certificações de origem e em práti - cas “verdes” para fortalecer a confiança dos consu - midores. “É necessário potenciar a valorização dos produtos locais e sustentáveis, através da integração em sectores como o turismo, potenciando-os atra- vés de rotas turísticas e gastronómicas e de expe- riências culturais, ampliando assim o seu alcance e valor de mercado” , defende a diretora executiva do InovCluster. Associar produtos a valores culturais e tradições lo- cais é uma estratégia poderosa para criar uma iden- tidade única e atrair consumidores que procuram autenticidade. Além disso, a possibilidade de ofere- cer experiências imersivas, como visitas a fábricas, degustações e eventos culturais, fortalece também o apelo emocional e a conexão do público. De facto, a experiência cultural é uma ferramenta im- portante para diferenciar os produtos portugueses no mercado global, oferecendo aos consumidores uma oportunidade de envolvimento com a cultura, as tradições e os valores do país. “Marcas que investem em transparência, autenticidade e num storytelling sobre as suas práticas de produção conseguem di- ferenciar-se, fortalecer a confiança e fidelizar consu - midores” , acrescenta Deolinda Silva, diretora execu- tiva da PortugalFoods. “Se, por um lado, atualmente, o consumidor está interessado em consumir mais produtos locais, que proporcionem sabores e expe- riências culinárias de diferentes regiões, usufruindo de novas experiências sem precisar de viajar, por ou- tro lado, a autenticidade e singularidade dos produ- tos, em que se destacam ingredientes genuínos e o património cultural, atraem consumidores em busca de novidades e experiências autênticas” . Portugal tem tido a oportunidade de aproveitar o crescimento do turismo para acelerar o conheci- mento sobre os produtos locais junto do visitante. Nesse aspeto, nota Luís Mira, a aliança entre a pro- dução regional e o turismo rural, cujos exemplos se têm vindo a multiplicar ao longo de todo o território, pode ser decisiva para a sustentabilidade de deter- minados produtos e, até mesmo, para a sustentabili- dade das próprias comunidades rurais que estão na sua origem. “O marketing territorial e a promoção de todas as certificações de origem que existem (DOP, DOC, IGP, entre outras) são absolutamente vitais para sublinhar o carácter distintivo, único e irrepe- tível dos produtos alimentares de origem portugue- sa” , conclui o secretário-geral da CAP.

“Relatórios apontam que países que investem mais de 3% do PIB em investigação e desenvolvimento têm um sector agroalimentar mais resiliente e competitivo. Portugal, que atualmente investe apenas cerca de 1,5%, tem aqui uma oportunidade para crescer”

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