Dicionário Enciclopédico de Psicanálise da IPA

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O INCONSCIENTE Entrada Tri-Regional

Consultores Inter-regionais: Jose Renato Avzaradel (America Latina), Allannah Furlong (America do Norte) e Judy Gammelgaard (Europa) Co-presidente de Coordenação Inter-regional: Eva D. Papiasvili (America do Norte) ————— Tradução para o português: Cristiane Damacarena Nunes Martins (Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre) Coordenação e edição para a tradução para o português: Maria Cristina Garcia Vasconcellos (Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre)

I. INTRODUÇÃO E DEFINIÇÃO INTRODUTÓRIA

A noção do inconsciente é universalmente aceita como a descoberta fundamental da psicanálise e uma suposição básica da teoria psicanalítica desde o seu começo. Embora o conceito tenha sofrido transformações sucessivas no pensamento Freudiano, o inconsciente da topografia Freudiana com suas implicações em uma teoria descentralizada da subjetividade se destaca como uma visão distinta e radical da psicanálise clássica. Conquanto Freud não tenha sido o primeiro a usar o termo, ele foi o primeiro a dar-lhe um papel crucial e lugar sistemático em sua metapsicologia e a desenvolver uma abordagem metódica para suas várias manifestações. Freud (1912a) forneceu uma breve e excelente descrição dos fundamentos para a hipótese da existência de um processo psíquico inconsciente, apontando para fenômenos clínicos como sugestão pós-hipnótica e neurótica, principalmente em histéricos, mas também para fenômenos não patológicos como chistes, atos falhos e sonhos. Os pressupostos dos fenômenos inconscientes podem ser rastreados até as práticas de cura espiritual, animismo, magnetismo, mesmerismo, hipnotismo e psicologia médica do século XIX. Essas práticas têm em comum o conceito dual da mente, que é feita do que é visível e, do seu anverso, isto é, o que está escondido e intuitivamente acreditado e/ou percebido. Enquanto nos primeiros anos de sua carreira, Freud parece ter abraçado este dualismo neo-Cartesiano, gradualmente foi emergindo a concepção de um tipo de inconsciente radicalmente diferente, um que não é uma segunda consciência, mas uma série de "atos psíquicos" que são qualitativamente diferentes da mente racional, adulta e consciente. Os psicanalistas não estão sozinhos em sua subjugação ao "estranho interior", mas eles são os únicos em fazer das implicações epistemológicas, clínicas e éticas desta disruptiva e potencialmente transformadora presença, seu objeto diário de estudo. Sem a noção de processos inconscientes, argumentou Freud, perdemos a explicação para os fenômenos mentais

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