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processos inconscientes . Essa ênfase na interação como um construto básico da mente guiou a teoria de Loewald sobre o inconsciente, aproveitando e modificando fortemente os aspectos adaptativos e genéticos da metapsicologia freudiana, deixando soltos os modelos estruturais/topográficos. Ele acreditava que “… em uma análise,…, temos a oportunidade de observar e investigar processos de interação tanto primitivos como mais avançados, ou seja, interações entre paciente e analista que levam de ou para etapas na integração e desintegração do ego” (1960, p.17). Assim como foi o caso de Winnicott no Reino Unido, Loewald e Jacobson nos EUA podem ser vistos como os precursores do movimento intersubjetivo. No início dos anos setenta, as experiências com as pessoas do mundo infantil haviam se tornado indispensáveis no conceito do desenvolvimento da mente (Arlow e Brenner, 1964; Spitz, 1957; Mahler et al, 1975; Jacobson 1964). Essas experiências com os primeiros objetos, através de suas gratificações e frustrações inevitáveis, moldam e colorem o desenvolvimento das funções do ego infantil (incluindo a autodefinição através de identificações), bem como os modelos morais/éticos. Dentro do setting psicanalítico, essas experiências precoces com outros tramam o tecido dos desejos e medos inconscientes que podem produzir acting outs, desenvolvimento de transferência/contratransferência, enactments e violações de limites (Lynch, Richards, Bachant 1997). Ao longo dos anos 1960 e 1970, Arlow vem ampliando ainda mais a noção freudiana de fantasia inconsciente . Enquanto Freud via a fantasia inconsciente como um derivado do desejo inconsciente, Arlow a vê como uma formação de compromisso que contém todos os componentes do conflito estrutural (Papiasvili, 1995). Nesta visão ampliada, a fantasia inconsciente organiza a poderosa pulsão dos desejos, medos e impulsos autopunitivos desencadeados pelas tarefas de desenvolvimento. Cada indivíduo cria seu próprio conjunto de fantasias inconscientes. Estas refletem seu arranjo mental que tenta entender, responder, gerenciar e integrar grandes conflitos, experiências e relacionamentos. Abend (1990) expande esse conceito e acrescenta que fantasias "podem funcionar para alterar e disfarçar outras fantasias, além de proporcionar gratificação" (Abend, 1990, p. 61). Ao longo do desenvolvimento, as narrativas essenciais das fantasias inconscientes perduram, embora suas manifestações sofram transformações infinitas, resultando em “edições” diferentes, correspondentes a diferentes estágios de desenvolvimento. Fantasias inconscientes moldam nossos traços de caráter, determinam nosso comportamento e nossas atitudes, produzem nossos sintomas, e estão no centro de nossos interesses profissionais e relacionamentos amorosos. Na situação psicanalítica, as fantasias inconscientes estão na raiz de todas as atitudes e atividades transferenciais. Enquanto tais fantasias inconscientes são modificáveis e continuam a amadurecer à medida que a pessoa inconscientemente busca por soluções novas e mais efetivas, suas origens permanecem arcaicas e fixas e, como tal, continuam a exercer um papel dinâmico na experiência. Portanto, a atividade inconsciente da transferência pode ser vista como tendo aspectos estruturais e processuais. Arlow e Richards afirmam que os desejos inaceitáveis da infância “tomam a forma de fantasias inconscientes persistentes, exercendo um estímulo contínuo à mente”, (1991, p. 309) sucedendo em formações de compromisso em um continuum de adaptado para desadaptado.
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