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e não conflitantes, memórias, significados e processamento inconscientes, incluindo experiências não validadas (Stolorow e Atwood, 1992), experiências não formuladas (D.B. Stern, 1997) e padrões implícitos de organização (conhecimento implícito). O conhecimento implícito (relacional) consiste em interações com cuidadores que são codificadas em memória procedural e, portanto, não pode ser verbalizado (D.N. Stern et al., 1998). Experiência não formulada consiste em experiências da infância que não são permitidas na consciência porque não são reconhecidas pelos cuidadores (D.B. Stern, 1997). O inconsciente pré-reflexivo consiste em princípios organizados de experiências subjetivas originados nas díades intersubjetivas precoces e, sendo inconscientemente não validados, não podem ser articulados de nenhum modo pelo fracasso de validação pelo self objeto (Stolorow e Atwood, 1992). A semelhança entre as definições de experiências não formuladas e inconsciente não validado reside principalmente na ênfase na resposta dos cuidadores. O inconsciente de duas pessoas é construído dentro da díade em si (Lyons-Ruth, 1998, 1999). Assim, a compreensão empática do analista tende a tornar mais permeáveis e fluidas as fronteiras entre consciente e inconsciente, entre explícito e implícito, e aumenta o acesso consciente a sentimentos, intenções, pensamentos e interações interpessoais previamente inconscientes. III. D. Inconsciente na Tradição Francesa A França pós-freudiana tem sido palco de espantosa e energética produção teórica. Reflexos dessa explosão intelectual tiveram impacto em outras comunidades psicanalíticas de línguas francófonas na Europa e na América do Norte. Traduções inglesas deste trabalho também foram influentes em alguns setores da América do Norte e da Grã-Bretanha. Os analistas franceses compartilham algumas suposições gerais sobre o conceito de inconsciente, guardando parcial distância da perspectiva da relação objetal, enquanto mantêm uma visão de inconsciente mais próxima da freudiana e mais inclinada a ver o seu trabalho como uma elaboração/diálogo com a obra Freudiana. Aderindo principalmente ao ponto de vista Topográfico (Primeira Topografia), para os franceses, existe uma separação absoluta entre o pré-consciente/consciente e o inconsciente. Além disso, o inconsciente não pode ser revelado pela observação, mas apenas deduzido após o evento, em uma dedução em aprés coup . O ego (le moi) é definido tanto por sua “alienação” identificatória no desejo do Outro, como por sua capacidade de adaptação; é assim subjetivo, uma criatura mais orientada ao self do que, conforme a psicologia do ego descreve, defensiva e orientada pela realidade. Para os analistas franceses tudo que é ego é escutado como emergindo do inconsciente. Há uma ausência da ideia de uma esfera livre de conflitos. O moi também é composto de objetos inconscientes e objetos parciais. Onde a Psicologia do Ego fala do analista como mantendo certa distância constante do paciente, os autores franceses, especialmente Bouvet e um pouco mais tarde, Green, McDougall, e Roussillon, cedo propuseram uma abordagem flexível dos pacientes, prestando atenção às suas reações à distância. Além disso, e devido à grande influência de Jacques Lacan, os analistas franceses foram impelidos a refletir sobre a função
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