Dicionário Enciclopédico de Psicanálise da IPA

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Aprender com a Experiência" (1962), Bion foi adiante, propondo o conceito de identificação projetiva realista na qual o analista é realmente afetado pela identificação projetiva do paciente. Sobre este ponto, Ogden escreve (1980, p. 517): "identificação projetiva é inerentemente um conceito que lida com a interface entre o intrapsíquico e o interpessoal, ou seja, as formas que as fantasias de uma pessoa são comunicadas e trazem pressão para outra pessoa tolerar". Vale ressaltar que, apesar de Klein ter trabalhado na identificação projetiva como fantasia, em sua opinião os instintos buscam objetos desde o início. Desta forma, sua teoria já carregava o germe do desenvolvimento de Bion sobre o aspecto comunicativo da identificação projetiva. Existe um conhecimento instintivo inerente do objeto e o instinto procura por ele. Os trabalhos de Bion sobre a função alfa, rêverie, continente-conteúdo e o trabalho do sonho esboçaram mecanismos inconscientes da mente materna que facilitam nosso conhecimento do seu papel, bem como o do analista, na facilitação do desenvolvimento da capacidade de pensar do bebê- paciente, para que ele possa aprender com a experiência. As ideias de Bion mapearam uma interação entre mentes. Paralelamente a estes desenvolvimentos, o conceito de identificação projetiva ampliou a compreensão da contratransferência, apresentando-a não apenas como uma manifestação inconsciente do analista, como Freud postulou, mas como uma ferramenta essencial para a compreensão do material. Nessa direção, os trabalhos de Paula Heimann e Heinrich Racker são marcos de influência (veja também as entradas separadas CONTRATRANSFERÊNCIA e IDENTIFICAÇÃO PROJETIVA). Para Heimann (1950), uma vez que a contratransferência é o resultado do desejo inconsciente do paciente de transferir para o analista os afetos e experiências que ele não pode reconhecer como seus, o analista pode examinar sua contratransferência para o insight. Para Racker (1953), a principal fonte dos sentimentos do analista vem da mente do paciente, o que transforma o setting em um campo bi-pessoal. Racker desenvolve o conceito de identificação concordante, onde o analista introjeta diferentes objetos do mundo interno do paciente para, assim, poder se colocar em seu lugar. É essencial para uma compreensão empática, e também permite ao psicanalista sentir suas própria emoções. A diferenciação entre ambos os protagonistas é preservada. Em contraste, no conceito de Racker de identificação complementar, o analista e o paciente fazem identificações projetivas recíprocas, o psicanalista projeta-se no paciente. A consequência é que o processo culmina em um enactment. Em 1962, Grinberg ofereceu o conceito de contraidentificação projetiva para descrever o impacto da identificação projetiva do analisando na subjetividade do analista. Quando esse efeito é massivo, a reação do analista seria determinada pela identificação projetiva do paciente e independente de seus próprios conflitos. Grinberg examinou a natureza da relação interna do analista com os objetos internos do paciente projetados em sua mente. Esses desenvolvimentos no estudo da comunicação inconsciente através da transferência e contratransferência levaram ao conceito da relação analista-paciente como um campo bi-pessoal, fundamentalmente intersubjetivo. No entanto, esse termo é usado para criar entendimentos muito diferentes. Lawrence Brown em "Processos Intersubjetivos e o Inconsciente" (2011) escreveu: "o termo intersubjetividade é frequentemente associado à Escola Relacional Americana", que Green (2008) chamou de epidêmica na América do Norte. No entanto, Grotstein (1999) e Brown (2011) afirmam que a contratransferência foi felizmente

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