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momento-a-momento da experiência subjetiva do analista, a experiência subjetiva do analisando, e a experiência gerada intersubjetivamente do par analítico (a experiência do terceiro analítico)... é justo dizer que o pensamento psicanalítico contemporâneo está se aproximando a um ponto em que não se pode mais falar simplesmente do analista e do analisando como sujeitos separados que tomam um ao outro como objeto” (Ogden, 1994, p. 3). Partindo da ideia de Bion, Ogden sugere uma transformação da teoria dos sonhos usando o conceito de rêverie como uma ferramenta importante. Ogden (2007), referindo-se a Sandler, ainda coloca: "Onde há trabalho de sonho inconsciente, há também o trabalho de compreensão inconsciente" (p 40). Há um eco de volta para Groststein, "Onde há um sonhador inconsciente que sonha o sonho, há também um sonhador inconsciente que entende o sonho” (Grotstein, 2000, p. 5). Deste ponto em diante, o desenvolvimentos relacionados na psicanálise vêm sendo promovidos por muitos autores, como Levine (2013), Groststein (2000,2005), Brown (2011), Cassorla (2013) e Ogden (1994,2005), entre outros. Um autor que trabalhou profundamente essa ideia é Civitarese em seu livro “O Sonho Necessário” (2014). Ele escreve: "Desta forma, o paradigma do sonho assume um papel mais central do que na teoria clássica. Entendido como o resultado de uma comunicação entre um inconsciente e outro , é algo que ouvimos como uma produção intersubjetiva. Nós lemos cada sessão como se fosse um longo sonho compartilhado e concebemos o todo da análise como uma troca de rêveries" (p. xiii). O conhecimento atual sobre a comunicação Inconsciente abre um vasto território para novas pesquisas psicanalíticas em todos os continentes, incluindo o recente interesse no conceito de " interpsíquico ", definido como “... um nível funcional pré-subjetivo em que duas pessoas podem trocar conteúdos internos e experiências de maneira compartilhada, através da utilização de identificações projetivas comunicativas “normais” (Bolognini, 2016, p.110).
IV. INCONSCIENTE E ESTUDOS INTERDISCIPLINARES
IV. A. Inconsciente na Neurociência " A pesquisa nos tem fornecido provas irrefutáveis de que a atividade mental está vinculada à função do cérebro como a nenhum outro órgão. (...) Verifica-se aqui um hiato que, no momento não pode ser preenchido " (Freud, 1915c, p. 201). Sessenta e cinco anos após a publicação de Freud de “O Inconsciente”, onde nomeou os dois pilares da psicanálise: a suposição de uma vida mental inconsciente e a existência de dois princípios de funcionamento mental, o processo primário e o secundário, o psicanalista, psicólogo e neurocientista Howard Shevrin publicou uma síntese de toda a pesquisa em psicologia onde ele observou que o inconsciente era uma suposição subliminar necessária (Shevrin e Dickman, 1980). As primeiras tentativas dentro da psicologia cognitiva experimental e neurociência cognitiva estavam dentro dos estreitos limites da percepção. Nos
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