Dicionário Enciclopédico de Psicanálise da IPA

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mecanismos de defesa primitivos - de volta à percepção consciente. Ele encontrou que tal autoengano, dinamicamente mediado, correlacionado com dano no lobo parietal direito, foi atribuível a uma complexa configuração narcísica regressiva, evitação de afetos depressivos e capacidade diminuída para relações de "objeto integrado". No entanto, a teoria global de base e a metodologia deste e de outros estudos semelhantes foi submetida ao escrutínio de Blass e Carmeli (2007, 2015; Carmeli e Blass 2013), que criticaram a validade das alegações de Solms. Outras lesões neurológicas específicas, com regressões resultantes e alterações dinâmicas dos estados de consciência, foram estudadas por Wilner e Aubé (2014), Buzsáki (2007) e Uhlhaas et al. (2009). Outros objetivos do estudo neuroanalítico do inconsciente dinâmico incluem processos oníricos (Solms, 1997; 2000b), parâmetros específicos do processo primário de simbolização (Shevrin, 1997) e a neurobiologia das pulsões e afetos (Wright e Panksepp, 2014; Kernberg, 2015; Johnson, 2008). O contorno preciso da relação entre as neurociências e a psicanálise é objeto de animados debates. A articulação/tradução entre as duas disciplinas coloca uma série de questões epistemológicas, ontológicas, metodológicas e clínicas sobre mente-corpo, mente- cérebro e sobre o discurso interdisciplinar em geral. Como essa articulação pode funcionar também fala da concepção que cada analista tem do que é essencial para o trabalho psicanalítico. Como em qualquer estudo interdisciplinar, a aplicabilidade das investigações neurocientíficas foi cercada por reservas, debates e controvérsias. Historicamente, a questão tem sido debatida por Freud (1940a), Winnicott (1949), Alexander (1936, 1964), McDougall (1974, 1993), Green (1999), e mais recentemente por Hinshelwood (2015), Pulver (2003), Blass e Carmeli (2007, 2013, 2015), Yovell, Solms e Fotopoulou (2015), Albertini (2015), Scarfone (2014b) e muitos outros, cobrindo uma ampla gama de perspectivas. Muitos analistas acham útil informar-se sobre descobertas emergentes pertencentes a áreas específicas de interesse psicanalítico, por exemplo, os correlatos neurobiológicos das histórias traumáticas precoces e sua reversibilidade parcial com o tratamento psicanalítico documentado (Kernberg, 2015; Blum, 2003, 2008, 2010; Mancia, 2006a, b .; Busch, Oquendo, Sullivan e Sandberg, 2010). Canestri (2015) propõe que falar sobre «interseção entre disciplinas que são diversas em termos de linguagem, metodologia e epistemologia » (p 1576) permite que todos os lados continuem a ouvir uns aos outros.

IV. B. Inconsciente de Grupo

IV. Ba. Contexto Teórico Historicamente, processos inconscientes e conteúdos subjacentes a comportamentos de grupo, cultura e sociedade, foram abordados por Freud em todo o desenvolvimento da teoria psicanalítica em mais de 20 escritos, dos quais os mais notáveis são Totem e Tabu (Freud, 1912-13), descrevendo uma manifestação do Complexo de Édipo em nível grupal e social; A Psicologia de Grupo e a Análise do Ego (Freud, 1921), com o foco na regressão grupal e processos projetivos e identificatórios primitivos, ou seja, a projeção sobre o líder do ideal do

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