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terapia de grupo, organizacional ou institucional, ou num contexto de grupo macro-social. O campo da Psico-história em particular, tem uma longa tradição na América do Norte aplicando conceitos psicanalíticos a eventos macro-sociais através dos tempos. Os primeiros artigos publicados sobre temas psico-históricos já apareceram na primeira edição do Journal of Abnormal Psychology de 1909. Outros trabalhos pioneiros neste campo, entre outros, são os de Robert J. Lifton (1993); The Journal of Psychohistory, fundado por Lloyd deMause; e Clio’s Psyche, Psique, editado por Paul Elovitz. Um exemplo contemporâneo da Psico-história psicanalítica é a “Transcendental Configuration” de Eva Papiasvili e Linda Mayers, na qual a transformação e o acesso ao mágico-infantil-irracional forneceu um recurso necessário para a superação de traumas de proporções épicas ao longo da Idade Média (2013, 2014, 2016). Nitsun (1996), assim como Papiasvili e Mayers (2013), enfatiza tanto o potencial irracional e regressivo ilimitado e destrutivo como o criativo do grupo, como estimulantes e reparadores de conteúdos e processos inconscientes.
V. CONCLUSÃO
Neste início do século 21, há muitas maneiras de entender o inconsciente através dos três continentes psicanalíticos. Dentro dessa pluralidade conceitual, existem importantes tendências regionais. Na Europa, os analistas franceses iniciaram a tendência de “ retorno a Freud ”, relendo, desconstruindo e definindo os conceitos clássicos para trabalhar. A tradição francesa postula como primordial uma separação absoluta (irredutível) entre pré-consciente/consciente e inconsciente, e liga o inconsciente à pulsão sexual (diferente da noção de instinto). Dentro desta linha de pensamento, o inconsciente não pode ser revelado pela observação, mas apenas deduzido em movimentos psíquicos ‘après coup’, após o evento. Outra tendência do pensamento europeu sobre o inconsciente é representada por um grupo de analistas alinhados com a ciência cognitiva, neurobiologia e neurociência na exploração do conhecimento procedural e memória implícita , onde, hipoteticamente, todas as experiências infantis dos dois primeiros anos de vida estão localizadas. No coração deste território conceitual, que é sobre representações relacionais e procedimentos, implícitos ou enativos, existe um modelo de desenvolvimento compatível com recentes descobertas das teorias de apego, interação precoce pais e filhos e neurociência afetiva e cognitiva. A terceira tendência importante, nas conceituações Européias do inconsciente, é delineada pela teoria da relação de objeto que foca sobre o papel do objeto na formação do inconsciente, concebido como o produto da internalização das experiências relacionais. A pulsão inata do bebê é presumida como sendo moldada pelas interações com o ambiente; estas são coloridas e remodeladas pelos processos psíquicos inconscientes. O inconsciente, nesta tradição de pensamento, é estruturado através da qualidade da transformação mental das
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