Dicionário Enciclopédico de Psicanálise da IPA

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Betty Joseph intensamente influenciada pelas ideias de Bion, fez contribuições adicionais, ao dirigir a nossa atenção para a natureza e função da identificação projetiva no setting analítico. Joseph (1998) veio a perceber que, na sessão, o paciente inconscientemente induz ou ”instiga” o analista a participar de vários enactments os quais as vezes levam o/a analista a agir mais descontraidamente com paciente, ou as vezes torna-se desnecessariamente severo. Essas pressões tomam a forma de pequenas identificações projetivas de aspectos do paciente, ou de objetos do paciente, para dentro do analista através do uso da linguagem verbal, tom, tempo e estímulos inefáveis. Em outras palavras, ela pensou que uma atmosfera foi criada pelo paciente que teve um efeito real no analista. Isso está de acordo com a noção de Bion de "identificação projetiva realista". Assim, Joseph ressaltou a ligação entre a identificação projetiva e a transferência. Spillius (2007) aponta para três ideias centrais no uso corrente a respeito da identificação projetiva. Primeiro, que é uma fantasia inconsciente que pode ser efetivada pela atividade evocativa — mas que esta última não é uma parte necessária da definição. Em segundo lugar, como qualquer tentativa de distinguir entre "projeção" e "identificação projetiva" provavelmente não é útil. Em terceiro lugar, que a contratransferência é, em grande medida, uma resposta às identificações projetivas do paciente. D. Meltzer pode ser considerado como o psicanalista que passou para as novas gerações uma síntese das descobertas de Freud, Klein e Bion na prática clínica e na metapsicologia (Meltzer, 1978). Entre muitos outros, Salomon Resnik (1999, 2006, 2011), Mireille Fognini (2014), Jose Luis Goyena (2020, 2012), Florence Guignard (2017-2020, 2021), François Levy (2014) na França; e Mauro Mancia (1981, 2004, 2006), Claudio Neri (2006, 2013), Fernando Riolo (2019), Antonino Ferro (2017) e Giuseppe Civitarese (2017) na Itália, utilizaram desenvolvimentos psicanalíticos de Bion em seu trabalho clínico diário e continuam ensinando-os em suas respectivas sociedades psicanalíticas e em seus círculos de influência. Na Suécia, Johan Norman (2001), Bjorn Salomonsson e Majlis Winberg Salomonsson desenvolveram também novas formas de aplicação das ideias de Bion. (Veja abaixo: "Identificação projetiva no trabalho analítico"). II. B. Desenvolvimentos norte-americanos do conceito Nos Estados Unidos, Otto Kernberg (1987, p. 94), mantendo a visão de Klein de identificação projetiva como uma defesa patológica, descreve-a em uma sequência de quatro fases onde: (i) o sujeito que projeta expulsa aspectos intoleráveis da experiência intrapsíquica em um objeto receptivo; (ii) o sujeito mantém empatia com o que é projetado; (iii) em um movimento defensivo para controlar as ansiedades devido à expulsão, o sujeito tenta controlar o objeto; e (iv) o sujeito induz no objeto, o que já foi expelido no objeto, através de uma interação real com o objeto receptivo.

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