Dicionário Enciclopédico de Psicanálise da IPA

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para o trabalho analítico, pois fornece ferramentas inovadoras direcionadas às patologias atuais com toda sua complexidade e heterogeneidade. Um exemplo específico de desenvolvimentos posteriores nesta área é a reformulação feita por Samuel Arbiser (1994) do processo de associação livre, intervenções interpretativas, e o papel do setting clinico, com conseqüências clínicas favoráveis com pacientes que tem fobia obsessiva e estrutura preserva. “... [O fato de que] a formulação não manteve a forma clássica de interpretação e que se inclinou muito claramente em direção de alerta estava congruente com a linguagem de ação , que era a única linguagem que o paciente usava e entendia (distorção pragmática - Liberman 1971-2)…” (Arbiser 1994, p.741; ênfase original).

IV. CONCLUSÃO: COMPLEXIDADE METODOLÓGICA

Etapas subsequentes do desenvolvimento conceitual da Teoria da Comunicação de Liberman —marcadas pela correlação dos conceitos tradicionais da psicanálise— assumem estar na base do diálogo comunicativo observável na clinica, com terminologia da teoria da comunicação, semiótica e lingüística, e a resultante sistematização diagnóstica, altamente individualizada e multidimensional, com implicações para o processo clínico e a técnica, colocou um conjunto de questões e controvérsias metodológicas. Algumas destas controvérsias são relevantes para muitas outras áreas da pesquisa psicanalítica, sempre que a precisão empírica, categorização e fertilização-cruzada com áreas auxiliares são implementadas. Liberman descreveu firmemente seu esforço em desmistificar a psicanálise e livrá-la da tendência de tornar-se um clichê, uma forma de doutrinação, risco que a psicanálise corre em função da sua prática e natureza peculiar, da diversidade teórica que abrange, e do seu relativo isolamento da comunidade acadêmico-científica. No intuito de evitar estas armadilhas, o trabalho de David Liberman busca alcançar a singularidade de cada indivíduo com relação à irrestrita diversidade da condição humana. Neste final, ele direciona o seu trabalho para responder as seguintes questões epistemológicas e metodológicas: • Como conciliar os objetivos contraditórios de um método que procura enfatizar a singularidade de cada paciente e ao mesmo tempo precisa sistematizar e construir conceitos abstratos, uma necessidade de toda e cada ciência? • Como estabelecer uma prática da psicanálise, que é tão afinada com a subjetividade e singularidade, com a pressão de ser testada por padrões objetivos de avaliação que são mais fidedignos do que as impressões subjetivas daqueles que a praticam individualmente?

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