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TRANSFERÊNCIA Colaboração Tri-Regional
Consultores Inter-Regionais: Marie-France Dispaux (Europa), Richard Gottlieb e Eva Papiasvili (América do Norte), Adriana Sorrentini (América Latina) Co-presidente de Coordenação Inter-regional: Arne Jemstedt (Europa) _______________________ Tradução para o português: Suzana Iankilevich Golbert (Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre) Coordenação e edição para a tradução para o português: Maria Cristina Garcia Vasconcellos (Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre)
I. INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES INTRODUTÓRIAS
Atualmente, a Transferência é um conceito xibolete (N.T: fundamental. shibboleth no original) para todos os analistas ao redor do mundo. O termo alemão Übertragung ( transfert em francês) significa transferência, transmissão de experiências de um contexto para outro. Não devendo ser confundido com vários usos psicológicos de ‘transferir’ (por exemplo, em teorias de aprendizagem experimental), a palavra usada na psicanálise é transferência. Em seu sentido mais amplo, como uma característica universal da vida mental, a transferência é um fenômeno generalizado, presente em qualquer relação humana. A especificidade da psicanálise, porém, é que ela se empenha em entender a transferência, especialmente porque, desde o início, ela surgiu como “o pior obstáculo com que podemos deparar” no tratamento psicanalítico (Freud, 1893-1895, p. 312), e porque, posteriormente, se tornou uma das ferramentas de cura. Desde a sua introdução nos Estudos Sobre A Histeria (particularmente em conexão com a ideia de “um falso enlace”, ou seja, com a transferência da carga afetiva das representações patogênicas – inaceitáveis para a consciência – para a pessoa do médico), a noção de transferência tem gradualmente se ampliado e sido referida como um processo constitutivo no tratamento psicanalítico, um processo no qual desejos inconscientes, conflitos infantis e feridas traumáticas são re-atualizados no aqui-e-agora da relação com o analista – o locus da forte resistência à lembrança. Tal modalidade de funcionamento psíquico, que implica a inserção, na vida psíquica de uma pessoa, de outra pessoa que funciona como um objeto mobilizador de fantasias de desejos e de conflitos, pode ser adequadamente generalizada, de modo a que a transferência do analista para com o paciente também possa ser prevista, conduzindo à noção de contratransferência. (Veja sessão separada para CONTRATRANSFERÊNCIA).
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