Retornar ao sumário
visão, a fantasia inconsciente fornece uma organização mental que ordena a percepção e o funcionamento cognitivo em geral. Quanto a conceitualização da ação terapêutica pelos teóricos contemporâneos da Teoria Moderna do Conflito, Abend (2007) chama a atenção para os conjuntos inconscientes de atitudes transferenciais correspondentes às fantasias inconscientes especificamente voltadas para o enquadre e o processo psicanalítico. Dentro do paradigma da Teoria Moderna do Conflito, a “atenção próxima ao processo” (Gray, 1994) do funcionamento defensivo do fluxo verbal de cada sessão, se centra na análise da transferência que gira em torno de preocupações com possíveis reações julgadoras do analista. Os estudos de seguimento de análises que já foram finalizadas apoiam a visão contemporânea de que os conflitos nunca são completamente resolvidos. Mesmo depois da análise, os conflitos permanecem ativos e em alerta dentro da psique de um indivíduo. O que muda é a capacidade do indivíduo de responder de maneira mais adaptada à ativação do conflito (Papiasvili, 1995; Abend, 1998). III. Bd. Teoria das relações de objeto e do conflito dentro da teoria estrutural: Dorpat e Kernberg Theodore Dorpat (1976) propôs o termo “Conflito das Relações de Objeto” para descrever um tipo de conflito interno que envolve uma estrutura psíquica que é menos diferenciada e anterior à diferenciação id-ego-superego. Este conflito das relações de objeto está relacionado com a vivência de um indivíduo da oposição entre seus próprios desejos e suas representações internalizadas dos desejos de outra pessoa. Um exemplo seria: “Eu quero fazer isso, mas isso decepcionaria minha mãe”. Citando possíveis déficits do ego e/ou superego (Gedo e Goldberg, 1973), e uma formação de superego em estágio menos avançado (Sandler, 1960), Dorpat enfatizou a necessidade de um modelo hierárquico da mente para se chegar à uma compreensão integrada do conflito psíquico. Em um nível mais avançado de diferenciação interna, que implica o modelo tripartite, e em um nível menos avançado, um modelo das relações de objeto, onde o superego não é totalmente experimentado como uma instância interna, onde a ‘culpa pela separação’ é gerada pela separação incompleta entre o self e objeto, e o processo representacional não está totalmente internalizado. Como o paciente de Dorpat falava sobre a “mãe na minha (sua) cabeça” e não de uma interação real com a própria mãe, o conflito não poderia ser classificado entre os conflitos externos ou externalizados. À medida que as relações de objeto adquiriram um interesse mais central, surgiram outros esforços originais para integrar essa teoria com a da psicologia do ego, com implicações a respeito da teoria da técnica. Na psicanálise Norte-Americana, Otto Kernberg foi bastante influente. Sua síntese, desenvolvida gradualmente ao longo dos últimos 30 anos, é especialmente aplicada em relação ao desenvolvimento pré-edípico e, em "escopo mais amplo”, às patologias do transtorno de personalidade borderline, onde os conflitos intrapsíquicos inconscientes não são simplesmente conflitos entre impulso e defesa. Em seus escritos ele (1983; 2015) explica que Os conflitos pré-edípicos ocorrem entre duas unidades
31
Made with FlippingBook - Online catalogs