Dicionário Enciclopédico de Psicanálise da IPA

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como na psicologia interpessoal, mas mais como um componente do paciente, ou como um “self-objeto” (N.T.: selfobject no original). Sob esta perspectiva, o analista, como uma figura transferencial, não tem componentes mentais transferidos ou “projetados” para dentro dele, mas participa no andamento da análise e no crescimento do self (Kohut, 1971). Desde os primeiros momentos do desenvolvimento do self, começando com a aquisição e reconhecimento de um self coeso (Kohut, 1971) e seguindo em direção às contínuas mudanças no self, podemos notar os aspectos duais do self, conforme as modificações na ambição e na idealização (veja seção separada: SELF). Desta forma, as transferências ou as compreensões do self-objeto são dirigidas ao analista que auxilia na integração do self, servindo como um espelho ao self-objeto, um self-objeto gêmeo, ou um self-objeto idealizado. As transferências irão retraçar a linha de desenvolvimento do narcisismo tanto em seus aspectos normais quanto nos patológicos. Interpretações transferenciais consentirão à patologia especular que venha a se transformar em orgulho, enquanto aquelas ligadas à idealização se tornarão integradas como entusiasmo. É importante corroborar que a teoria ampliada da mente nunca redunda em uma pessoa isoladamente, mas, na utilização, ao longo da vida, dos outros como self-objetos de espelhamento e de idealização. Uma pessoa nunca está livre dos self- objetos. Isso se alinha ao fato de que transferências, tanto as de self-objeto quanto as outras, são onipresentes e universais.

VII. DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO NA AMÉRICA LATINA

VII. A. Ángel Garma Ángel Garma fundou um importante movimento na Argentina, que, por sua vez, se estendeu por toda a América latina. Nascido em Bilbao, Espanha, ele imigrou para a Argentina em 1938, durante a guerra civil espanhola (1936-39). Em 1942, juntamente com outros, ele fundou a Associação Psicanalítica Argentina, da qual foi presidente em diferentes períodos. Em um de seus primeiros artigos, “La Transferencia afectiva en el Psicoanálisis” (A transferência afetiva na Psicanálise), de 1931, ele salientou a importância de tornar consciente, no tratamento psicanalítico do paciente, sua submissão masoquista inconsciente ao superego, que ele transfere para o analista. No mesmo ano, Garma apresentou um artigo, no intuito de se tornar membro da Sociedade Psicanalítica Alemã: “Die Realität und das Es in der Schizophrenie” ( A Realidade e o Id na Esquizofrenia), que foi publicado no Internationale Zeitschrift für Psychoanalyse, Volume XVIII (1932), 2. Traços do pensamento de Garma podem ser encontrados nos seguintes autores:

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