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CONTINÊNCIA: CONTINENTE-CONTIDO Entrada Tri-Regional Consultores Inter-regionais: Louis Brunet (América do Norte); Vera Regina Fonseca (América Latina); Dimitris-James Jackson (Europa) Co-presidente da Coordenação Inter-regional: Eva D. Papiasvili (América do Norte) ————— Tradução para o português: Alda R. D. de Oliveira (Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre) Coordenação e edição para a tradução para o português: Maria Cristina Garcia Vasconcellos (Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre)
I. DEFINIÇÃO
O conceito de Continente-Contido de Wilfred R. Bion foi concebido como uma analogia entre a dupla analítica e a situação de amparo na relação mãe-bebê quando da amamentação. O conceito define a mãe não apenas como doadora de leite reconfortante e satisfatório, mas também como um órgão receptivo que contém a dor emocional do bebê, sendo capaz de acalmar essa dor para o bebê, restaurando-a a um tamanho natural no qual ela possa ser controla’a. Nos termos de Bion, geralmente, representa a transformação da dor de “O” (significando terror sem nome), para “K” (conhecimento), como em “agora eu posso pensar no impensável!” Do ponto de vista da evolução teórica, o conceito apresenta uma extensão da teoria da Identificação Projetiva (ver IDENTIFICAÇÃO PROJETIVA); uma teoria de fantasia primitiva e defesa se transforma em uma teoria de forma de comunicação arcaica, necessária para o desenvolvimento do pensamento. Como um modelo relacional de funcionamento mental, o processo de Continência expande uma interação recíproca linear entre a dupla Continente-Contido a partir das seguintes etapas: um estado mental (conteúdo) é transmitido a partir de um emissor para um receptor; o receptor potencialmente "contém" e transforma este conteúdo através da ação psíquica; o conteúdo transformado, juntamente com a "função de continência", podendo então ser re- introjetado pelo emissor. Embora o protótipo do desenvolvimento desse modelo seja a relação mãe-bebê, o conceito também é aplicável como um tipo especial de comunicação inconsciente que ocorre tanto nas relações diádicas quanto nos grupos, bem como no processo psicanalítico. Também é aplicado para compreender o processo intrapsíquico no qual o indivíduo tenta conter, converter/transformar e transmitir suas emoções em palavras.
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