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Freud (1930) aboliu a sua concepção da pulsão de auto preservação e chegou à conclusão de que a afeição era uma manifestação de Eros (pulsão sexual) (N.T. " As pulsões de vida também designadas pelo termo Eros, abrangem não apenas as pulsões sexuais propriamente ditas, mas ainda as pulsões de autoconservação" in Laplanche e Pontalis(1967/1990). Vocabulário de Psicanálise. Lisboa. Editorial Presença, pp.356) cujo objetivo original é reprimido, Doi propôs que amae correspondesse à pulsão de auto preservação de acordo com a teoria inicial de Freud das pulsões e definiu amae como necessidade de dependência derivada da pulsão. Além disso, Freud (1921) viu a identificação como a primeira expressão dum laço emocional com outra pessoa, ambivalente desde o início. Assim, a identificação de Freud pode corresponder às propriedades identificatórias e ambivalentes subjacentes a amae. Ao elaborar o conceito ainda mais dentro da matriz da relação de objeto, Doi (1989, p.350) reiterou que amae é relação objetal desde o início. Embora possa não corresponder ao conceito de narcisismo primário de Freud, “ajusta-se muito bem a qualquer estado mental que possa ser chamado de narcisista" (ibid, p.350). Neste sentido, as propriedades narcisistas de amae subjazem a amae " conturbado que se expressa por ser imaturo, caprichoso e exigente. Na mesma linha, Doi (1989) escreve que (1989), "um novo conceito de self- objeto definido por Kohut como” esses objetos arcaicos catexizados com libido narcisista "(1971, p.3) será muito mais fácil de compreender à luz da psicologia de amae, uma vez que "a libido narcisista" não é outra coisa que amae conturbado "(Doi, 1989, p. 351). Nesta linha, os analistas japoneses consideram o conceito de "necessidades de self -objetos” de Kohut (Kohut, 1971) como quase equivalente a amae. Também a observação de Balint de que "na fase final do tratamento, os pacientes começam a expressar desejos infantis, pulsionais, há muito esquecidos, e a exigir a sua gratificação por parte do meio " (Balint, 1936/1965, p.181) torna-se relevante, porque "o amae originário se manifestará somente após as defesas narcísicas terem sido elaboradas na análise" (Doi, 1989; p. 350). Com base em Freud e Ferenczi, as idéias de Balint (1936/1965) sobre "amor objetal passivo" e amor primário são conceitualmente mais próximas de " amae ". Ele considerava que as línguas indo europeias não distinguem claramente entre as duas formas de amor objetal, ativa e passiva. Enquanto o objetivo é sempre de obter amor passivo, primário (ser amado), se a criança receber do meio amor e aceitação suficientes para mitigar frustrações, a criança pode progredir para o amor objetal ativo em vez de recebê-lo (configuração de 'amor objetal ativo). Em termos clínicos, existe um vínculo entre amae primitivo e o termo "regressão benigna" de Balint e entre amae conturbado e seu termo "regressão maligna". Embora Fairbairn (1952) valorizasse o processo de dependência no desenvolvimento precoce em geral, ele não adotou a ideia da necessidade de dependência dentro do seu sistema de relações de objeto. Os conceitos de inveja de Klein ( higami /inveja) e a identificação projetiva (1957) podem ser vistos como amae distorcido, enquanto compartilham o mesmo objeto. Muitos analistas japoneses vêm Bion (1961) como tendo "predito” o amae de Doi no contexto da dinâmica de grupos, quando postulou um sentimento de segurança existente em cada um dos estados emocionais associados às fantasias dos três pressupostos básicos: dependência, luta- fuga e acasalamento. Do mesmo modo, os conceitos de " continente " e
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