Dicionário Enciclopédico de Psicanálise da IPA

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do analista à empatia psicanalítica , Lacan, apesar de sua remodelação e ampliação do impacto do conhecimento e ‘poder' do analista, dentro da relação assimétrica entre o analista e o paciente, considera a contratransferência apenas como o depósito dos erros, conceitos errôneos, neuroses e lapsos no funcionamento geral do analista, e não tendo utilidade alguma no trabalho interpretativo (196619/77). O conceito lacaniano de contratransferência como a necessidade de incluir a precessão do desejo do analista sobre o do paciente na compreensão de toda a dinâmica intersubjetiva da situação - ecoada por sua famosa afirmação de que "resistência" na análise é em primeiro lugar e principalmente a resistência do analista - ainda ressoa hoje, especialmente com a orientação intersubjetiva francesa na Europa e na América do Norte (Furlong, 2014). Entretanto, Freud fez algumas correções que podem ser vistas como antevendo a visão da contratransferência como uma ferramenta terapêutica, através da qual o analista poderia ver ou sentir algo do inconsciente do paciente . Ele escreveu que o analista “Deve ajustar-se ao paciente como um receptor telefônico se ajusta ao microfone transmissor. Assim como o receptor transforma de novo em ondas sonoras as oscilações elétricas . . . da mesma maneira o inconsciente do médico é capaz, a partir dos derivados do inconsciente que lhe são comunicados, de reconstruir esse inconsciente, que determinou as associações livres do paciente” (N.T.: Freud, S. (1912). Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Volume XII, p. 129, Rio de Janeiro, Imago Ed., 1987). Além disso, enquanto elaborava suas visões dos processos inconscientes, Freud (1915) dirigiu atenção especial não somente à dinâmica inconsciente do paciente, mas também explicitamente àquela do analista dentro da situação analítica. Ele foi claro em relação ao fato de que os processos psíquicos conscientes e inconscientes do paciente e do analista estão profundamente interligados . Annie Reich, em 1951 enfatizou um especial aspecto disso: para o analista, o paciente pode vir a representar “um objeto do passado em quem sentimentos passados e desejos são projetados” (1951, p. 26). Uma vez que a transferência é onipresente, espera-se que analistas também tenham transferências em relação a seus pacientes, da mesma forma que os pacientes em relação a eles. (Os sentimentos serão predominantemente inconscientes tanto para o paciente como para analista). Isso também é ilustrado por um comentário em “Análise Terminável e Interminável” (1937b) onde Freud destacou como o contato contínuo com a repressão do paciente pode também fazer emergir demandas pulsionais no analista que de outra forma iriam manter-se reprimidas, isso poderia resultar em “perigos" para o analista que necessariamente deveria fazer auto-análises periódicas. Comparado com comentários prévios, isto apresenta um aspecto claramente diferente da relação entre paciente analista; reações ao inconsciente do paciente poderiam ativar processos, e até mesmo mudanças no analista . Apesar de nos tempos iniciais a contratransferência ser principalmente considerada como um risco - em que as transferências do analista para seus pacientes poderiam impedir o analista de acessar seu paciente de forma neutra, e interfeririam na objetividade, neutralidade, e efetividade clínica do analista - na perspectiva freudiana posterior, que é uma culminância da

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