Dicionário Enciclopédico de Psicanálise da IPA

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(Ferro e Basile, 2008), o campo é entendido como um ponto de encontro dos múltiplos personagens do paciente e do analista com uma vida própria, como em um palco. Esses autores se concentram inteiramente na narrativa dos mundos que emergem em cada sessão analítica. Eles distinguem uma série de níveis de contratransferência . "As distinções são baseadas nas modalidades que o campo mostra e faz uso para modular suas próprias tensões" (Ferro e Basile 2008, p.3). As transformações dos personagens ao longo das narrativas na sessão são vistas como representando " as transformações no campo analítico . As explorações de tais conexões elucidam a abertura e o fechamento de um ‘canal’ entre as identificações projetivas (do paciente) e a reverie (do analista)" (ibid ., p. 3). Ferro (2009) e Civitarese (Civitarese 2008; Ferro e Civitarese 2013) enfatizam o uso da mente e do corpo do analista, sustentado na reverie , como guia para os processos inconscientes do paciente e entre analista e analisando. Esta perspectiva também tem muito em comum com a noção do analista Norte Americano, mas de formação britânica, Thomas Ogden (1994a,b; 1995), de interações co- criadas , onde a influência Kleinianas também é discernível. De acordo com Ogden, as visões intra-psíquicas da transferência e da contratransferência não só devem ser complementadas pela imagem inter-subjetiva de uma matriz de transferência-contratransferência , mas essas perspectivas devem ser vistas como constituindo uma dialética que leva a um "(inter-subjetivo) terceiro analítico ", uma nova subjetividade em evolução , compreendendo (de forma análoga ao campo), algo mais que a soma de suas partes. Também combinando o intrapsíquico e o inter-subjetivo dentro da escola francesa, Green (1973/1999; 2002), em acordo com os trabalhos de Winnicott sobre o espaço potencial, define outra formação na área de processos terciários. Sua versão é o ‘objeto analítico’ (objeto de análise e em análise) como o ‘ terceiro objeto ’: não pertencendo nem ao analista nem ao analisando, possuindo características de transicionalidade, sendo formado no encontro analítico. Segundo Green, a relação intersubjetiva conecta dois sujeitos intrapsíquicos, e "É no entrelaçamento dos mundos internos dos dois participantes da dupla analítica que a intersubjetividade se cria "(2000, p.2). III. C. Duas pessoas, foco interpsíquico e inter-subjetivo; Contratransferência como 'Common Ground' Originário na Europa (especificamente na Itália), na última década, o conceito de ‘interpsíquico’ (além de ‘inter-subjetivo’) tem ganho cada vez mais relevância ao redor do mundo (Bolognini 2004, 2010, 2016). Este interesse recente faz eco dos comentários de Freud sobre como dois sistemas do inconsciente podem estar em contato e influenciar diretamente um ao outro, sem o envolvimento de formas superiores de consciência ou subjetividade (Freud, 1915, 1937a, b.). Para formular o conceito do interpsíquico, a ‘modulação do campo’ transformacional da teoria do campo (Ferro, 2001), o conceito Winnicottiano de ‘transicionalidade’, e o trabalho sobre a empatia como um fenômeno complexo (Bolognini 2009) foram especialmente relevantes. No recente trabalho de Stefano Bolognini (2016), o ‘ interpsíquico ’ pode ser visto como um "nível pré-subjetivo funcional, onde duas pessoas podem trocar conteúdos internos, através da utilização de identificações projetivas ‘normais’

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