Nº 48 - Regime Fiscal Sustentável

economias de aglomeração geradas. Dessa forma, a oferta de trabalho se amplia e a implantação de linhas de transportes intraurbanos torna esses subcentros acessíveis a uma população que passa a ter ali uma alternativa ao deslocamento ao núcleo metropolitano em busca de serviços e compras no comércio. Ao abordar a questão do “centro”, Castells (1983) enfatiza que a área central concentra, além das atividades de comércio e serviços e os terminais de transporte, a gestão pública, visão corroborada por Santos (1988), que afirmou que o “centro” se caracteriza pelo local de concentração das atividades de produção e comercialização de bens e serviços, facilitada pela acessibilidade, ou seja, terminais e linhas de transporte. Ao discorrer sobre os subcentros, Correa (1995) os caracteriza como miniaturas do núcleo central, com a oferta de uma vasta gama de atividades comerciais e de serviços e, à semelhança da área central, constitui-se em importante foco de linhas de transporte intraurbano. Visão compartilhada por Villaça (2001), que considera como elementos da estrutura espacial urbana o centro principal da metrópole (a maior aglomeração de empregos ou de comércio e serviços) e os subcentros, que são aglomerações diversificadas de comércio e serviços, espécie de réplicas menores que o centro principal. Para Silva e Kneib (2011) resta claro que as duas características principais de um subcentro são a concentração de atividades econômica e a acessibilidade e infraestrutura de transportes. Relacionam a formação e consolidação dos subcentros urbanos - ou policentralidade - à eficiência e organização das cidades. Já Siqueira (2014) afirma que a identificação de subcentros tornou-se prática relevante nos estudos urbanos

Figura 1: Vista da área central de Campo Grande

Breves notas teóricas sobre polarização

A forte expansão das metrópoles ao longo do século XX gerou a descentralização das atividades, fortemente concentradas no núcleo metropolitano, em direção à sua periferia imediata. A abordagem na escala intrametropolitana mostra que toda metrópole de grande dimensão é constituída pelo núcleo metropolitano, que concentra os serviços de maior complexidade, e por vários subcentros, que podem ter características diversas, como a atividade industrial e a prestação de serviços de menor complexidade. O processo de descentralização (criação de áreas de atração em áreas não-centrais, com abundância de terras disponíveis, a baixo custo, com infraestrutura implantada) decorre, sobretudo, da busca das empresas por eliminar as deseconomias geradas pela excessiva centralização das atividades. As empresas passam, então, a dispor das chamadas externalidades, pela sua acessibilidade, ou pelas

Economista, mestre em Planejamento e Gestão Territorial e doutor em Desenvolvimento Econômico Sustentável, ambos pela Universidade de Brasília - UnB. Conselheiro e ex-presidente do Conselho Federal de Economia (2016/17), foi presidente da Companhia de Planejamento do Distrito Federal - Codeplan (2012/2014) e candidato ao Governo do Distrito Federal (2018). Atualmente é assessor econômico no Senado Federal. Júlio Miragaya

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