(...) Faz parte das condições em que apren - der criticamente é possível, a pressuposição por parte dos educandos de que o educador já teve ou continua tendo experiência da produção de certos saberes e que estes não podem a eles, os educandos, ser simplesmente transferidos. Pelo contrário, nas condições de verdadeira aprendizagem os educandos vão se transformando em reais sujeitos da cons - trução e da reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador, igualmente sujeito do processo. Só assim podemos falar realmente de saber ensinado, em que o objeto ensinado é apreendido na sua razão de ser e, portanto, aprendido pelos educandos” (Paulo Freire 1 )
com grande expectativa a tarefa de conduzir uma pesquisa em coprodução com educadores de um contexto político tão importante nacionalmente. O acontecimento principal da pesquisa que resultou neste conjunto de atividades de ensino que será apresen - tado a seguir, é o da inserção na grade curricular da Escola Estadual Silverio Ribeiro Matos , localizada no quilombo Mumbuca, Jalapão/TO, do componente curricular denomi - nado “Saberes e Fazeres Quilombolas”. Entre os anos 2017 e 2019, as professoras Marcia Silva, Raimunda Lisboa e o professor Sivaldo Neres desenvolveram sua prática docente em torno da disciplina sob os desafios de inserir no contex - to escolar os saberes coletivos do quilombo em que a escola está inserida. Em nossa primeira reunião de planejamento para a cria - ção de uma questão de pesquisa coletiva, os professores sugeriram de pronto que o tema principal fosse a referida disciplina, as suas dinâmicas de ensino-aprendizagem que seriam desenvolvidas e os temas de interesse abordados. No decorrer do desenvolvimento do trabalho, que contou com o acompanhamento da dinâmica de sala de aula por meio de uma observação participante e o encontro para a condução de entrevistas semi-estruturadas, conseguimos elaborar uma série de reflexões sobre as possibilidades de associação entre os saberes quilombolas ensinados na
N o ano de 2017, quando ingressei no mestrado em Ensino de Botânica na Universidade de São Paulo, sob orientação do professor Paulo Sano, me vi em uma situação de entusiasmo diante da possibilidade de trabalhar questões socioambientais junto a professores e professoras quilom - bolas no Jalapão. Após ter acumulado alguma experiência no âmbito da formação de professores em projetos educa - cionais pelo Brasil e ter um interesse pessoal em discutir as dimensões sociais e raciais do Ensino de Biologia, assumi
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