GRANDE CONSUMO
O compromisso profundo da José Maria da Fonseca com a conservação das castas portuguesas é um momento de destaque para Domingos Soares Franco. Atualmente, a coleção ampelográfica da empresa contempla mais de 500 variedades, entre nacionais e internacionais. Reconhecendo que nenhuma coleção é perfeita isoladamente, foi firmado um acordo com um dos polos do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária
o país, com algumas variedades a serem plantadas em regiões onde não têm o clima mais favorável ou o solo ideal. “Estamos a plantar Touriga Nacional em regiões pouco adequadas, onde não dá nada. A casta Encruzado, que para mim deveria ser exclusiva do Dão, está espalhada por todo o país. Há uma ‘aberração’ to - tal” , explica Domingos Soares Franco. “Ainda se in- veste muito em castas estrangeiras, não sei bem porquê, quando temos, neste momento, 265 castas autóctones. E, segundo dizem os cientistas da área genética, daqui a dez anos, talvez haja mais 12 castas identificadas através de análises de ADN e marcadores genéticos, especialmente no norte do país, onde existem muitas vinhas velhas. Te - mos um manancial imenso, mas ainda continuamos a plantar Chardonnay, Cabernet, Petit Verdot, Syrah e até Alicante Bouschet, que não é portuguesa, é francesa” . Preservação da herança Na JMF, mantêm-se três castas estrangeiras. “Já arranquei muitas. Por exemplo, em Azeitão, arranquei Riesling, Chardonnay e Merlot, porque não se adapta - ram bem ao clima. Mantemos Syrah, Tannat e, nas bran - cas, Sauvignon Blanc” . O compromisso profundo da José Maria da Fon- seca com a conservação das castas portuguesas é um momento de destaque para Domingos Soares Franco. Atualmente, a coleção ampelográfica da empresa contempla mais de 500 variedades, entre nacionais e internacionais. Reconhecendo que ne- nhuma coleção é perfeita isoladamente, foi firmado um acordo com um dos polos do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária. “Estabelece - mos um acordo com o Polo de Dois Portos e unificámos as duas coleções de castas nacionais. A partir de agora, existirão duas coleções ampelográficas em Portugal: uma em Dois Portos, pertencente ao Estado, e outra aqui, que é a nossa. Assim, se acontecer algum incidente a uma co - leção, a outra permanece preservada. Além disso, conse - guimos completar ambas as coleções” . Para além da coleção de castas, Domingos Soa- res Franco preside à Associação Portuguesa para a Diversidade da Videira (PORVID), que coordena, em Pegões, a conservação de clones e a promoção da diversidade genética. O projeto abrange, hoje, cer- ca de 30 mil genótipos da vasta maioria das castas portuguesas, com a meta de expandir para 50 mil unidades, de forma a preservar a heterogeneidade e garantir a resiliência do património nacional. “A mudança de condições de climatéricas é uma realidade. Há muitos produtores a mudar de castas, pensando que deixaram de se adaptar, mas isso está errado, o que se deve mudar são os clones” , sublinha. “Por exemplo, no caso do Alvarinho, há cerca de 500 clones identifica - dos. Alguns produzem mais ou menos álcool, outros têm maior ou menor acidez, ou resistem melhor ou pior à seca. Vários parâmetros estão a ser estudados e esse co - nhecimento irá ajudar o país a adaptar-se às alterações climáticas” .
106
Made with FlippingBook Annual report maker