Grande Consumo N.º 93

mercado

N.93

É a altura do ano em que o turismo e o lazer se tra- duzem em comportamento de compra, em que o impulso, a conveniência e a experimentação sobem de tom e em que as categorias de consumo se trans- formam em protagonistas de uma competição feroz. Dos protetores solares aos gelados, das bebidas às refeições prontas, o verão funciona como um verda- deiro stress test do retalho e das marcas. O impacto do turismo no retalho português é ine- gável. De acordo com dados da REDUNIQ, durante os meses de verão de 2024, 55% da faturação nas cate- gorias turísticas foi gerada por estrangeiros. Apesar de um ligeiro abrandamento no consumo nacional, os destinos de férias, sobretudo no litoral e ilhas, continuam a impulsionar vendas e a provocar muta- ções temporárias no perfil de consumo das regiões. A engrenagem do retalho em ritmo de verão Disso mesmo nos dá conta Isabel Silvestre, direto- ra de operações dos Supermercados Apolónia, no Algarve. “O verão é, sem dúvida, o nosso pico de vendas, com os portugueses a descerem até ao Algarve para fazer férias e com os turistas internacionais que chegam com o mesmo intuito” , refere. “Por ser a época do ano com mais pessoas na região, é quando renovamos a nossa campanha institucional, presente nos diferentes canais de comunica - ção, e onde reforçamos o posicionamento da nossa marca através de mensagens que comuniquem o que mais nos dis - tingue: o serviço personalizado, a variedade de produtos e/ ou a elevada qualidade dos mesmos” . Com a presença junto a zonas balneares, o Apoló- nia ajusta profundamente o sortido e reforça stocks . “As nossas três lojas já se encontram junto a zonas balnea - res, pelo que grande parte do nosso sortido de verão é mui - to focado em produtos de praia ou que dão para levar para a praia” . Mas não só, já que essa atenção se estende também aos clientes estrangeiros. “A nossa oferta também abrange muitos produtos importados, referências que são familiares aos turistas estrangeiros e que fazem com que se sintam em casa” . O verão em Portugal é mais do que uma mudança de temperatura. É uma mudança de ritmo, de hábi- tos, de território e de consumo. O calor faz crescer os dias, mas também os carrinhos de compras. Os supermercados enchem-se de turistas e emigran- tes. As marcas reforçam campanhas, testam pro- dutos e aceleram lançamentos. A mobilidade e o turismo tornam-se alavancas para categorias espe- cíficas — bebidas, gelados, snacks , refeições pron- tas, protetores solares, artigos de verão. O impulso ganha força. A conveniência vira critério. E o pon- to de venda transforma-se num verdadeiro campo de batalha. O verão já não é apenas uma estação. É um palco estratégico onde marcas e retalhistas afinam operações, testam inovações e disputam a atenção de consumidores mais disponíveis, mas também mais exigentes.

Esta mesma lógica é seguida pelo Intermarché, embora com uma escala distinta. Como explica Má- rio Costa, diretor geral da insígnia, o verão é “uma janela estratégica para reforçar o posicionamento da marca, testar inovações e explorar tendências sazonais” . Mas há mais em jogo. “É também um momento-chave para captação: muitos consumidores que estão em férias têm o primeiro contacto com a marca numa das nossas lojas da costa, o que representa uma oportunidade única de conquistar novos clientes” . O regresso dos emigran- tes é igualmente valorizado. “Muitos já conhecem a nossa marca e confiam na nossa oferta de marca pró - pria” . Para os mais jovens, o Intermarché investe em ativações diferenciadoras. Neste processo, marcas e retalhistas não se fi - cam pelo linear. As redes sociais, as apps e as cam- panhas digitais são agora indispensáveis na ativa- ção da estação. Campanhas geolocalizadas, ofertas exclusivas para clientes em férias e promoções personalizadas via e-commerce são o próximo passo de uma omnicanalidade adaptada ao consumidor sazonal. A diretora de operações do Apolónia sublinha ainda a importância de um fator muitas vezes invi- sível, mas decisivo: o serviço. “Os clientes valorizam e estão mais atentos à qualidade dos produtos, assim como ao serviço que é prestado, daí continuarmos a trabalhar na melhoria do nosso atendimento todos os dias, até por - que o serviço de excelência faz parte do nosso ADN” . A aposta na formação contínua é um dos pilares des- sa entrega. Sem tempo a perder Com a temperatura a subir, a pressão sobre a ope- ração é real: reforço de equipas, reconfiguração lo - gística, ajustamento das lojas à realidade balnear. “O abastecimento é planeado com antecedência e o stock centralizado de produtos de grande rotação é reforçado para evitar quaisquer constrangimentos” , afirma Má - rio Costa. O planeamento vai além da previsão de vendas: “cruzamos dados históricos das lojas com fato- res como meteorologia, festivais, festas regionais e cres - cimento sazonal das populações para otimizar a gestão de stocks” . Apesar de um ligeiro abrandamento no consumo nacional, os destinos de férias, sobretudo no litoral e ilhas, continuam a impulsionar vendas e a provocar mutações temporárias no perfil de consumo das regiões

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