Grande Consumo N.º 93

GRANDE CONSUMO

As marcas de luxo precisam de tempo para estabelecerem a sua identidade, na medida em que o seu estatuto está profundamente enraizado na história, no património, na manualidade e na exclusividade, fatores que não podem ser alcançados de um dia para o outro

do, assim, um vínculo que se mantém até aos dias de hoje. Importa, por isso, desfazer um equívoco co- mum: ao contrário do que muitas vezes se diz, a Claus Porto não se tornou independente da Ach. Brito em 2016 — continua a pertencer à mesma em- presa desde 1925. O que mudou foi a estratégia de reposicionamento no segmento de luxo, com novos produtos, abertura de lojas próprias e reforço inter- nacional. Hoje, a Claus Porto está presente em mais de 30 países, com destaque para os Estados Unidos, onde se tornou um fenómeno de vendas, após ser destacada por Oprah Winfrey na rubrica “Favouri - te Things”. Reino Unido, França, Alemanha, Japão, Coreia e Taiwan, onde acaba de abrir uma loja tem- porária, são outros mercados importantes para a Claus Porto, que planeia continuar a expandir-se, reforçando a presença na Ásia e entrando em mer- cados onde não está ainda presente, como Espanha ou o Brasil. Já a Ach. Brito exporta, atualmente, para mais de 50 países, com destaque para os Estados Unidos, Reino Unido, França e Japão, mantendo viva a tra- dição portuguesa da saboaria. Mas se a Claus Porto seguiu para o luxo, a Ach. Brito manteve-se fiel ao seu público tradicional, oferecendo “produtos de ele - vada qualidade ao público em geral” e apostando num “posicionamento mais acessível” . A estratégia de dupla identidade foi sempre clara. “Achilles e o seu irmão não enveredaram pelo caminho mais fácil ou óbvio: em vez de incorporarem o que restava da Claus & Schweder na Ach. Brito, perceberam rapidamente que se tratava de duas marcas distintas, com posicionamentos e targets di - ferentes” , detalha. A fachada da fábrica é prova sim- bólica dessa dualidade, exibindo orgulhosamente os dois nomes e os respetivos anos de fundação: Claus (1887) e Ach. Brito (1918).

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