Grande Consumo N.º 93

GRANDE CONSUMO

de um vale para comprar novos produtos, como acontece nas lojas d’O Boticário sempre que são entregues embalagens vazias para reciclar. Ricardo Lagoa reconheceu que a SPV tem de ser capaz de motivar para a ação, mas reconheceu igualmente que o papel das marcas é fundamen- tal. Porque, ao colocar no mercado produtos com ingredientes naturais e embalagens com materiais recicláveis, as marcas não estão apenas a valorizar a sua oferta, estão, ao mesmo tempo, a imprimir a ideia de sustentabilidade nos consumidores. “É importante a circularidade das embalagens e a circula - ridade da informação, para que os consumidores esco - lham marcas sustentáveis e tenham um incentivo para reciclar” , concluiu. A seu ver, há uma evolução a fazer: “quase todos já sabem o que vai para cada ecoponto. Já não estamos aí. Estamos na fase de apaixonar os consumidores pela reciclagem, pela sustentabilidade, pelo consumo com sentido. Estamos na fase de transformar a sustentabili - dade em algo sexy, de gostarmos mais de nós por estar - mos a reciclar e a consumir de forma consciente” . Capturar a natureza Há, pois, que alimentar um ciclo de emoção e Ex- tinto nasce desta urgência. “Porque houve necessida - de de criar este alerta sensorial?” . A pergunta e a res- posta são ambas de Rossana Gama: “porque o olfato é o mais poderoso dos nossos sentidos” . Cada uma das fragâncias transporta para um ecossistema, mas com o sobressalto de pensar que se corre o risco dessa fragância sobreviver apenas na memória, porque o bioma pode ser extinto. Foi o perfumista César Veiga o obreiro do resgas- te destes cheiros naturais, com recurso à técnica de headspace , capaz de capturar do ar os compos- tos químicos que compõem os acordes olfativos de cada ecossistema intacto, como se fossem uma fórmula da natureza. Nas palavras do próprio, tra- tou-se de “buscar o impossível” . Captando o cheiro da água ou o cheiro do verde, ingredientes que — segundo Claudia Stenger, especialista em inova- ção olfativa — permitem construir uma fragância que remete para o ambiente que se pretendeu re- criar. “O olfato é o sentido que menos esquece, fica na memória” , sintetizou. Esta inovação contém em si uma mensagem de esperança, a mensagem de que estes biomas estão ameaçados, mas ainda podem ser recuperados. “Não deixe ser extinto, porque, uma vez extinto, já não dá mais” , sintetizou a country manager em Portu - gal, considerando que este projeto é “muito podero - so”. Nasce da certeza de que “a sustentabilidade não é só informar, precisa emocionar. Porque, quando nos emocionamos somos impactados” .

Os acordes olfativos de Extinto

• Mata de Guanabara (Brasil) – Uma fragrân - cia vegana, com 93% de ingredientes de ori - gem natural, expressa a frescura da água e o verde exuberante da Baía de Guanabara; • Jasmim Sambac (Índia) – Inspirada na flo- resta asiática de Sundarbans, combina da - vana e manjericão para retratar a beleza exótica da região; • Madagáscar (África) – Com notas quentes de baunilha, homenageia as paisagens e as florestas da ilha africana; • East Arnhem (Austrália) – Amadeirada e in - tensa, representa a riqueza natural da costa norte australiana; • Calábria (Itália ) – Com frescor cítrico e fun - do floral-oriental, evoca o contraste entre a beleza da região e a poluição crescente do Mar Mediterrâneo. Extinto, a experiência olfativa inédita que O Boticário exportou para Portugal, é um convite à reflexão e um alerta para a urgência de preservar a biodiversidade. “É um chamado”, sintetizou a country manager em Portugal, Rossana Gama

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