GRANDE CONSUMO
de um vale para comprar novos produtos, como acontece nas lojas d’O Boticário sempre que são entregues embalagens vazias para reciclar. Ricardo Lagoa reconheceu que a SPV tem de ser capaz de motivar para a ação, mas reconheceu igualmente que o papel das marcas é fundamen- tal. Porque, ao colocar no mercado produtos com ingredientes naturais e embalagens com materiais recicláveis, as marcas não estão apenas a valorizar a sua oferta, estão, ao mesmo tempo, a imprimir a ideia de sustentabilidade nos consumidores. “É importante a circularidade das embalagens e a circula - ridade da informação, para que os consumidores esco - lham marcas sustentáveis e tenham um incentivo para reciclar” , concluiu. A seu ver, há uma evolução a fazer: “quase todos já sabem o que vai para cada ecoponto. Já não estamos aí. Estamos na fase de apaixonar os consumidores pela reciclagem, pela sustentabilidade, pelo consumo com sentido. Estamos na fase de transformar a sustentabili - dade em algo sexy, de gostarmos mais de nós por estar - mos a reciclar e a consumir de forma consciente” . Capturar a natureza Há, pois, que alimentar um ciclo de emoção e Ex- tinto nasce desta urgência. “Porque houve necessida - de de criar este alerta sensorial?” . A pergunta e a res- posta são ambas de Rossana Gama: “porque o olfato é o mais poderoso dos nossos sentidos” . Cada uma das fragâncias transporta para um ecossistema, mas com o sobressalto de pensar que se corre o risco dessa fragância sobreviver apenas na memória, porque o bioma pode ser extinto. Foi o perfumista César Veiga o obreiro do resgas- te destes cheiros naturais, com recurso à técnica de headspace , capaz de capturar do ar os compos- tos químicos que compõem os acordes olfativos de cada ecossistema intacto, como se fossem uma fórmula da natureza. Nas palavras do próprio, tra- tou-se de “buscar o impossível” . Captando o cheiro da água ou o cheiro do verde, ingredientes que — segundo Claudia Stenger, especialista em inova- ção olfativa — permitem construir uma fragância que remete para o ambiente que se pretendeu re- criar. “O olfato é o sentido que menos esquece, fica na memória” , sintetizou. Esta inovação contém em si uma mensagem de esperança, a mensagem de que estes biomas estão ameaçados, mas ainda podem ser recuperados. “Não deixe ser extinto, porque, uma vez extinto, já não dá mais” , sintetizou a country manager em Portu - gal, considerando que este projeto é “muito podero - so”. Nasce da certeza de que “a sustentabilidade não é só informar, precisa emocionar. Porque, quando nos emocionamos somos impactados” .
Os acordes olfativos de Extinto
• Mata de Guanabara (Brasil) – Uma fragrân - cia vegana, com 93% de ingredientes de ori - gem natural, expressa a frescura da água e o verde exuberante da Baía de Guanabara; • Jasmim Sambac (Índia) – Inspirada na flo- resta asiática de Sundarbans, combina da - vana e manjericão para retratar a beleza exótica da região; • Madagáscar (África) – Com notas quentes de baunilha, homenageia as paisagens e as florestas da ilha africana; • East Arnhem (Austrália) – Amadeirada e in - tensa, representa a riqueza natural da costa norte australiana; • Calábria (Itália ) – Com frescor cítrico e fun - do floral-oriental, evoca o contraste entre a beleza da região e a poluição crescente do Mar Mediterrâneo. Extinto, a experiência olfativa inédita que O Boticário exportou para Portugal, é um convite à reflexão e um alerta para a urgência de preservar a biodiversidade. “É um chamado”, sintetizou a country manager em Portugal, Rossana Gama
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