GRANDE CONSUMO
O sector do retalho é um dos grandes produtores de embalagens e tem uma relação direta com o consumidor. “É um ponto de contacto vital”, afirma Pedro Simões. Projetos como o Negócios com Mais Valor, em parceria com o Recheio, ou a instalação de máquinas de recolha no Pingo Doce demonstraram que, quando há incentivo, o consumidor responde
ser lida nas linhas de triagem. “O mercado não pode colocar uma embalagem que não seja reciclável” , afir - ma. “Aqui começamos a entrar no eco design” . Segundo Pedro Simões, é fundamental que em- balagens não sejam apenas recicláveis no conceito, mas também “recicladas na prática, nas linhas de tria - gem e pela indústria” . As embalagens com múltiplos materiais, cores escuras (como preto, que não é lido por sensores óticos) ou sem fluxos definidos con - tinuam a ser um problema. “Precisamos de sistemas que pontuem as embalagens, que lhes atribuam um score ambiental” , defende, sublinhando a necessidade de entidades independentes que validem esse desem- penho. Por outro lado, “o resíduo tem de ter valor” , afirma Pedro Simões. “A indústria só optará por matérias-pri - mas recicladas se forem economicamente viáveis e isso só acontece se forem puras e em quantidade” , explica. É por isso que o upcycling — transformar resíduos em novos produtos equivalentes ou melhores — é cada vez mais prioritário. O country manager da Novo Verde aponta que o novo regulamento europeu sobre embalagens (PPWR - Packaging and Packaging Waste Regula- tion) está a redefinir as regras do jogo. Trata-se de uma legislação vinculativa e diretamente aplicável, o que significa que os países não poderão interpre - tá-la livremente. “Vai obrigar à reciclabilidade efetiva das embalagens, à uniformização de rotulagem e à utili - zação de materiais reciclados” , resume Pedro Simões. Para as empresas, isto representa um desafio técni - co e logístico, mas também uma oportunidade para inovar. O que está a Novo Verde a fazer neste ponto? Tem apoiado os seus aderentes na adaptação a este novo quadro, com workshops , guias técnicos e ferra- mentas de autoavaliação. Retalho como catalisador da mudança O sector do retalho é um dos grandes produtores de embalagens e tem uma relação direta com o consu- midor. “É um ponto de contacto vital” , afirma Pedro Simões. Projetos como o Negócios com Mais Valor, em parceria com o Recheio, ou a instalação de má- quinas de recolha no Pingo Doce demonstraram que, quando há incentivo, o consumidor responde. Esta dinâmica é vista como essencial para escalar os sistemas de recolha e para educar os consumido- res. Mas, avisa, “não basta sensibilizar. É preciso facili - tar a vida a quem quer fazer bem” . Mas há um sector que enfrenta um grande desa- fio: o canal Horeca, com a recolha de vidro. “Sabe- mos que existe muito vidro neste canal que não é separa - do nem recolhido corretamente. E isso representa dezenas de milhar de toneladas por ano que estão a ser perdidas ”. Pedro Simões defende que, com sistemas adap- tados aos espaços reduzidos destes estabelecimen- tos e incentivos à separação, seria possível aumen- tar consideravelmente as taxas de reciclagem.
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