alimentar
N.93
Marca própria e diferenciação: motores da mudança
A resposta tem sido estruturada. A marca própria, espinha dorsal do retalho, emerge como uma fer- ramenta central nesta transformação. A estratégia é clara: oferecer produtos alinhados com estilos de vida específicos, mas sem abdicar da acessibilida - de. “Temos vindo a reforçar a marca própria com foco na qualidade, transparência e inovação” , explica Ri- cardo Macedo, apontando para gamas orientadas a necessidades particulares, como refeições vege- tarianas, sem glúten ou lactose. Do lado do Aldi, o investimento em propostas exclusivas também tem ganhado força, com Daniel da Silva a destacar a re- cente parceria com a marca portuguesa Batardas, para lançar opções doces e salgadas congeladas 100% livres de glúten. Este foco na diferenciação também tem ex- pressão em inovações de produto com apelo di- reto ao consumidor moderno. Exemplo disso é a Cookie’zza, uma pizza cooki e produzida em Portu- gal, pré-cozinhada e ultracongelada, que combina um exterior crocante com um interior macio e pe- daços de chocolate. “Além de ser uma sobremesa prá - tica e de apresentar uma receita que tem conquistado os nossos clientes, é um produto inovador que vem respon - der a uma tendência de consumo dentro dos produtos de indulgência” , refere o responsável do Aldi. Mas a renovação da oferta não se esgota na es- colha dos produtos. Também a cadeia logística, as embalagens e a tecnologia foram convocadas para garantir que a inovação se faz sentir em toda a ex- periência de compra. A Auchan, por exemplo, tem investido na modernização da cadeia de frio, com equipamentos mais eficientes e soluções digitais que permitem maior controlo e monitorização da temperatura. O Aldi avança no mesmo sentido, des- tacando, nos bastidores, a introdução de modelos As perceções ainda contam — e muito — e uma parte significativa dos consumidores continua a associar congelados a produtos menos nutritivos ou de qualidade inferior, um estigma que o retalho tem vindo a tentar desconstruir
Mas nem tudo são águas calmas. Entre desafios lo - gísticos e preconceitos persistentes, o caminho é feito com cautela e estratégia. As perceções ainda contam — e muito — e uma parte significativa dos consumido - res continua a associar congelados a produtos menos nutritivos ou de qualidade inferior, um estigma que o retalho tem vindo a tentar desconstruir. Como reco- nhece a Auchan, “o potencial de crescimento é muito ele - vado, sobretudo via penetração” , deixando clara a exis- tência de margem para conquistar novos públicos e expandir o consumo de forma sustentada. Efetivamente, a mudança de mentalidade exige uma maior proximidade com públicos tradicional- mente mais resistentes, um desafio que o Aldi tem bem presente, assumindo a ambição de “aproximar a categoria de consumidores que são menos recetivos — como a população mais sénior — e responder à crescente procura por opções mais saudáveis, sustentáveis e diversificadas” , salien- ta Daniel da Silva, managing director procurement.
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