logística
N.93
A cadeia de frio já não é apenas um sistema técnico que garante a temperatura de conservação. É, cada vez mais, uma engrenagem complexa que exige in- teligência, rastreabilidade, sustentabilidade e capa- cidade de adaptação. Numa altura em que o con- sumo de produtos congelados continua a crescer e o e-commerce obriga a reconfigurar por completo os modelos de distribuição, a logística é cada vez mais uma força estratégica e não apenas funcional. O crescimento sustentado do consumo de ali- mentos congelados tem motivado uma profun- da reconfiguração das infraestruturas e modelos Como reconhece Luís Mota, diretor comercial da STEF Portugal, “o consumo de produtos congelados tem aumentado nos últimos anos e, portanto, a cadeia de abastecimento tem vindo a adaptar-se às novas tendên - cias e necessidades do mercado e do consumo” . E essa adaptação tem exigido não apenas escala, mas so- bretudo inteligência e sustentabilidade. Novo padrão de competitividade De facto, em Portugal, o sector está em rápida trans- formação e, mais do que um extra, a sustentabilida- de é, hoje, a matriz sobre a qual tudo se constrói. “A logística da cadeia de frio, em Portugal, tem vindo a evo - luir de forma significativa no contexto da sustentabili - dade, sobretudo impulsionada por uma regulamentação direcionada, pela exigência dos clientes e dos consumido - res, bem como pela crescente consciência ambiental das empresas” . A mudança está, de facto, bem definida, tal como é destacado por Luís Mota. Este papel central da sustentabilidade no con- texto da logística é corroborado por Vítor Figueire- do, CEO da Logifrio, que concretiza com exemplos: armazéns que adotam energias renováveis, substi- tuição de gases tradicionais por alternativas ecoló- gicas e veículos movidos a biocombustíveis. Assim, ambos os operadores têm alinhado as suas estratégias com metas concretas de descarbo- nização. A STEF integrou este compromisso no seu plano Moving Green, que visa, entre outros obje- tivos, reduzir em 30% as emissões de CO₂ da frota até 2030 e garantir 100% de energia com baixo teor de carbono nos edifícios até ao final de 2025. Este compromisso materializa-se em ações muito práti- cas: viaturas euro-modulares (com mais de 50% de capacidade adicional), galeras 100% elétricas, uti - A cadeia de frio é, hoje, muito mais do que uma questão de temperatura. É um termómetro que mede a maturidade tecnológica, a ambição sus- tentável e a capacidade de adaptação das empresas ao consumidor. Numa era onde o e-commerce e a conveniência moldam hábitos e expectativas, dois grandes operadores — STEF e Logifrio — revelam como estão a redesenhar a logística de frio em Por- tugal, combinando eficiência, rastreabilidade e inovação.
lização de HVO (Hydrotreated Vegetable Oil), rotas otimizadas e entregas desmaterializadas. “Só assim poderemos continuar a ser reconhecidos como um opera - dor de referência” , assegura Luís Mota. Já a Logifrio, que aderiu ao programa europeu Lean&Green, atingiu a sua primeira estrela após reduzir em 20% as suas emissões. Entre as medi- das adotadas estão “a otimização das taxas de ocupa - ção dos veículos, a renovação da frota considerando os mais elevados padrões de eficiência, a compra de energia 100% renovável e a melhoria contínua dos sistemas de refrigeração” . Mas a sustentabilidade também é uma questão de inteligência, literalmente, já que a inteligência ar- tificial começa a ser uma aliada estratégica. A STEF integrou-a nos seus processos através da ferramen- ta proprietária STEF AI, usada diariamente na “ges- tão das operações, no dimensionamento de recursos ou mesmo na definição de forecasts” , detalha Luís Mota. E na Logifrio, ainda que num estágio anterior, já se dão também os primeiros passos com testes-piloto e a reformulação dos sistemas TMS, WMS e ERP, com vista a facilitar a execução de IA e a otimização da cadeia. “Contamos com equipas de IT dedicadas ao desenvolvimento de soluções de melhoria contínua, per - sonalização e processamento de Big Data, com foco prin - cipal na otimização em três áreas principais: económica, lead time e ambiental” . Inteligência artificial: o motor da próxima revolução Garantir a integridade da cadeia térmica em tempo real é um imperativo absoluto. Quem gere produtos congelados não pode, de facto, errar. A margem de falha é nula e o rigor deve ser absoluto. A temperatura é um elemento-chave, quer na sua manutenção — evitando variações não desejáveis ao longo de toda a cadeia — quer na sua salvaguar- da em momentos operacionais mais críticos, como no processo de carga e descarga.
Em Portugal, o sector está em rápida transformação e, mais do que um extra, a sustentabilidade é, hoje, a matriz sobre a qual tudo se constrói
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