Grande Consumo N.º 93

retalho

N.93

cial ou de um retail park , estão as características do público-alvo, da catchement do projeto, do layout do espaço, bem como as últimas tendências. É o cha- mado tenant mix , a partir do qual é feita a seleção das atividades, dos subsectores e dos lojistas mais representativos dos mesmos. Entre os dois segmentos há diferenças, com os centros comerciais a exibirem estabilidade na pro- cura para a abertura de lojas, enquanto nos retail parks ainda existe margem para progressão, tendo- -se verificando um aumento substancial nos últi - mos dois anos. Quanto aos visitantes, no que se refere ao porte- fólio da CBRE, em 2024, verificou-se um aumento de 7,2% face ao ano anterior, sendo que o perfil não co - nheceu alterações significativas, “embora em alguns ativos seja possível detetar o impacto positivo de turis - tas, emigrantes e expatriados” . É um crescimento que traduz a capacidade que os centros comerciais têm tido de se reinventar, para se manterem relevantes face a uma concorrência que o porta-voz da em- presa define como “feroz” . Essa reinvenção assume a forma de conceitos como shopping resorts e place - making , criando espaços que vão além da experiên- cia de compra. “Em vez de simples locais de consumo, os centros comerciais estão a transformar-se em destinos que incluem entretenimento, bem-estar, serviços, restau - ração de qualidade e até áreas de co-working” , especi- fica sobre este modelo que se foca na experiência global e na criação de um sentido de comunidade. Diferenciação São três os centros comerciais que a Klépierre gere em Portugal, numa área total próxima dos 150 mil metros quadrados. Presente no país há cerca de 20 anos, a gestora caracteriza-se por adotar uma visão global do mercado, privilegiando uma liderança pan-europeia, em vez da liderança individual em cada geografia onde opera. Uma visão transmitida pelo head of country, Telmo Ferreira. “Deste modo, a nossa perspetiva não é a de ter o maior número de centros

inovadores e na digitalização, são fatores-chave que as - seguram a relevância dos nossos ativos a longo prazo” . O business director VIA Outlets em Portugal, Jorge Pinto Fernandes, fala igualmente numa “no- tável” capacidade de adaptação e inovação, visível no modo como, desde os anos 80, os centros comer- ciais se estruturam como minicidades, oferecendo acessibilidade e comodidade. Os desafios, esses, são múltiplos. “O lazer evoluiu e a rua voltou a atrair pessoas para passear, praticar desporto e socializar. A restauração, uma fatia essencial dos centros, enfrenta novas dinâmicas, como a entrega ao domicílio e hábitos mais flexíveis” , cita, para considerar que, apesar das previsões sobre o fim das compras físicas, os núme - ros mostram o contrário. “O sucesso do sector deve-se à experiência proporcionada, integrando o físico e o digi - tal, a eficiência na gestão e a estratégias eficazes de fide - lização” , sintetiza. Neste mercado, os outlets emergiram como um conceito específico, mas também ele, segundo Jor - ge Pinto Fernandes, em evolução. “Este segmento é o que mais cresce no sector do retalho, com uma apos - ta crescente na qualidade da oferta” , nota, remetendo para um estudo recente da Cushman & Wakefield, segundo o qual os outlets foram o canal com me- lhor recuperação e performance, especialmente na região ibérica. Na leitura desta conclusão, enten- de que espelha a crescente importância do smart shopping , que vai além do preço, privilegiando a relação custo-benefício, a qualidade e a experiên- cia. E, neste cenário, identifica como ingredientes de sucesso uma oferta de marcas numa integração robusta e única, que não possa ser encontrada nou- tro lugar, pela diversificação dos segmentos e pela presença de marcas premium e aspiracionais que elevam a perceção de valor. A que se juntam a en- volvência e os serviços. O olhar do administrador executivo do Grupo Mundicenter, Fernando Oliveira, como que sinte- tiza o dos demais operadores, na medida em que considera que este é um mercado maduro e que tem evoluído de forma consistente. “Ao longo dos anos, tem-se assistido a uma melhoria contínua da ofer - ta, tanto em termos de retalho como de serviços, o que tem permitido consolidar a sua relevância e o seu peso no panorama do comércio a retalho nacional” . Reinvenção Com nove centros comerciais e oito retail parks (a somar outros dois, ainda em construção) e 21 hiper - mercados sob gestão, num total de 585 mil metros quadrados, e cinco retail parks sob comercialização, a CBRE é, nas palavras do seu senior director reta- lho em Portugal, “o maior gestor de ativos de terceiros na Península Ibérica”, estando “sempre” disponível para aumentar o portefólio. Esta é uma evolução pautada por critérios, com Carlos Récio a concretizar que, entre os fatores pon- derados na comercialização de um centro comer-

Klépierre ao raio-X

• 3 centros comerciais em gestão: Parque Nascente (Porto), com 66.370 metros qua- drados e 120 retalhistas; Espaço Guima - rães, 50.877 metros quadrados com 104 re- talhistas; e Aqua Portimão, 109 retalhistas em 36.066 metros quadrados; • Uma média de 1,1 mil milhões de visitas por ano; • 130 milhões de euros de receita líquida de rendas da Klépierre Iberia, em 2024, uma subida de 10,8% face a 2023.

21

Made with FlippingBook Annual report maker