Grande Consumo N.º 93

GRANDE CONSUMO

De facto, a IA já não é apenas uma promessa tecnológica distante, sendo hoje um verdadeiro imperativo estratégico, so- bretudo no retalho. Desde a personalização de campanhas de marketing até à otimização da gestão de inventário, passando por lojas autónomas e chatbots de apoio ao cliente, a IA está a redesenhar, de forma silenciosa, os bastidores e as montras do retalho global e Portugal, naturalmente, não é exceção. Segundo a McKinsey, a IA generativa poderá vir a gerar, anualmente, entre 400 mil milhões e 660 mil milhões de dólares (cerca de 370 mil milhões e 610 mil milhões de euros) no sector do retalho, a nível global. Entre os casos de uso mais relevantes encontram-se a criação de conteúdos para e-commerce , as reco- mendações automatizadas de produtos, a dinamização de cen- tros de contacto e a previsão de procura. Esta maior precisão nas previsões permite às empresas ajustarem-se de forma mais eficaz e ágil às necessidades do mercado e ao comportamento dos consumidores. Para além disso, no que diz respeito aos be- nefícios da utilização da IA, destaca-se ainda a otimização do inventário e da logística, que “permitirá uma melhor gestão dos re - cursos, garantindo que os produtos certos estão disponíveis no momen - to oportuno, sem excessos nem carências” , constata João Sanches. O especialista acrescenta ainda que promoções e pricing di- nâmicos podem ser igualmente integrados com estas tecnolo- gias, proporcionando uma maior flexibilidade na definição de preços em tempo real, ajustados à procura e a outros fatores de mercado — algo que pode impulsionar de forma significativa as vendas. Da teoria à prática Redução de custos e melhoria de margens são dois dos princi- pais benefícios associados à utilização de IA na cadeia de abas- tecimento. Estes resultados tornam-se possíveis, por exemplo, através da otimização da gestão de inventários ou do planea- mento e gestão de encomendas. Segundo o estudo “Managing a modern supply chain: Utilizing AI to combat complexity” da De - loitte, mais de 25 grandes organizações alcançaram, em apenas três anos, mais de três mil milhões de dólares (2,8 mil milhões de euros) em benefícios, fruto da implementação de soluções de IA aplicadas à cadeia de abastecimento. Ao mesmo tempo, não se pode ignorar a personalização da experiência do consumidor. “Esta customização contribui direta - mente para o aumento da fidelização dos clientes e para a promoção de mais transações, já que, desta forma, os consumidores se sentem mais valorizados e compreendidos. No mesmo sentido, o aumento da pro - dutividade, tanto em lojas físicas quanto nos contact centers, ocorre pela automação e otimização dos processos, libertando as equipas para tarefas de maior valor acrescentado” , sublinha o executivo da Cap- gemini Portugal. A IA generativa tem o potencial de automatizar funções-cha- ve como o serviço ao cliente, o marketing , as vendas e a gestão de inventário e da cadeia de abastecimento. John Lin, SVP of solu- tions consulting na SymphonyAI, divide esta transformação em quatro fases: business intelligence , IA prescritiva e preditiva, IA generativa e preditiva e, por fim, agentes autónomos. “A maioria da indústria está entre o ponto um e o ponto dois” , afirma. E quais são, afinal, as diferenças entre estas fases? Na segun - da etapa, a IA começa a gerar recomendações, sobretudo ao nível da criação de cenários previsionais. Na terceira fase, já é capaz de sugerir os próximos passos, auxiliando na definição

A IA já não é apenas uma promessa tecnológica distante, sendo hoje um verdadeiro imperativo estratégico, sobretudo no retalho. Desde a personalização de campanhas de marketing até à otimização da gestão de inventário, passando por lojas autónomas e chatbots de apoio ao cliente, a IA está a redesenhar, de forma silenciosa, os bastidores e as montras do retalho global e Portugal, naturalmente, não é exceção

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