Grande Consumo N.º 93

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N.93

Segundo o executivo, muitas vezes, é a ausência de uma es- trutura sólida de dados que compromete os resultados obtidos com a IA. A este fator acresce ainda o facto de qualquer proces- so de transformação digital implicar investimentos significati - vos, algo que representa, inevitavelmente, um desafio financei - ro adicional, sobretudo para empresas que ainda não dispõem de infraestruturas tecnológicas avançadas. Importa também referir a tradicional resistência à mudan- ça, frequentemente acompanhada de desconfiança. Esta resis - tência é particularmente visível, como nota a Priceless, em con- textos onde os processos ainda são manuais ou fragmentados. Para além disso, a integração com sistemas legados e a ausência de dados normalizados complicam ainda mais a implementa- ção da IA nas organizações. Outro ponto crítico é a necessidade de garantir que as solu- ções implementadas sejam escaláveis. “À medida que as empresas crescem, os modelos implementados podem deixar de ter capacidade para se adaptarem às novas necessidades” , alerta João Sanches. A dificuldade em definir o ROI (retorno sobre o investimen - to) constitui igualmente uma barreira relevante. Como explica o head of generative AI & enterprise transformation programs da Capgemini Portugal, o retorno nem sempre é imediato ou facilmente mensurável, o que “pode dificultar a justificação dos in - vestimentos a fazer” . “O maior desafio foi — e continua a ser — integrar uma tecnologia altamente inovadora num sector onde tudo está milimetricamente oti - mizado” , afirma Vasco Portugal. O CEO da Sensei acrescenta que a abordagem da empresa “sempre foi a de que a tecnologia deve ser invisível para o cliente e transparente para quem opera. O objetivo é que a experiência de compra se mantenha natural e fluida, onde o cliente só percebe que está numa loja autónoma no final da sua jornada. Para isso, tivemos de repensar papéis — por exemplo, os colaboradores dei - xaram de estar apenas nas caixas para se focarem no que realmente faz a diferença: a experiência do cliente e a operação em loja” . Nesta perspetiva, a parte mais desafiante é mesmo “lidar com toda a complexidade de um supermercado real — 14 mil referências numa única loja, processar os carrinhos de mais de mil clientes diários por loja, produtos frescos, artigos a peso, balcões assistidos” . E é preci- samente aqui que entra a experiência da empresa: “trabalhamos com cenários reais, com todas as suas variáveis, e sem comprometer a experiência de quem compra” . IA generativa versus agentes conversacionais Para além da inteligência artificial em sentido lato, importa também considerar outras ferramentas tecnológicas que estão a ganhar relevância no sector. Uma das mais discutidas atual- mente diz respeito aos agentes conversacionais. A grande ques- tão que se coloca é: entre IA generativa e agentes conversacio- nais, onde se verifica, de facto, o maior impacto no retalho? Apesar de não haver uma resposta definitiva, uma vez que muitos projetos em Portugal ainda se encontram numa fase inicial, João Sanches acredita que ambas as tecnologias estão a transformar significativamente vários sectores de atividade. Os efeitos são particularmente evidentes nas áreas da experiência do cliente, do marketing , do e-commerce , do suporte interno e da inovação. Um exemplo claro desta transformação é a utilização de chatbots e assistentes de compra com linguagem natural, que têm vindo a revolucionar a forma como as empresas interagem

Para além da inteligência artificial em sentido lato, importa também considerar outras ferramentas tecnológicas que estão a ganhar relevância no sector. Uma das mais discutidas atualmente diz respeito aos agentes conversacionais. A grande questão que se coloca é: entre IA generativa e agentes conversacionais, onde se verifica, de facto, o maior impacto no retalho?

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