Grande Consumo N.º 93

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N.93

“A tecnologia já está madura. O que é difícil é introduzir mudança num sector que, por natureza, é conservador e vive com margens muito apertadas”

mento de novos produtos, tornando-os mais ajustados às exi- gências dos consumidores. Desafios tecnológicos versus comportamentais No momento de implementar ferramentas de inteligência ar- tificial, surgem inevitavelmente múltiplos desafios. A questão que se impõe é: quais destes desafios são os mais impactantes para as organizações — os tecnológicos ou os comportamentais? Para a Priceless, a resposta é clara: os desafios são híbridos. Do lado tecnológico, destacam-se questões como a qualidade dos dados disponíveis e a integração com sistemas antigos, muitas vezes desatualizados. Já do lado comportamental, a re- sistência à mudança e a ausência de conhecimento interno so- bre estas novas ferramentas podem comprometer seriamente a eficácia das soluções. Um exemplo concreto é a implementação de contadores inteligentes em várias lojas, onde, segundo a em- presa, o maior desafio não foi tecnológico, mas sim alinhar as equipas internas com os objetivos da solução. Já Vasco Portugal apresenta uma perspetiva ligeiramente distinta. O CEO da Sensei defende que o maior desafio não é de ordem técnica, mas sim cultural. Como explica, “a tecnologia já está madura. O que é difícil é introduzir mudança num sector que, por natureza, é conservador e vive com margens muito apertadas” . Por esse motivo, é essencial garantir que a inovação tecnológica não gera fricção na jornada do consumidor nem se traduz em sobre- carga para quem opera as lojas. “O nosso carrinho em tempo real, por exemplo, foi um grande avanço porque permitiu entrar numa loja autónoma sem app nem registo. É isso que queremos: inovação sem barreiras, sem complicações, e centrada nas pessoas” , afirma. Para melhor compreender esta complexidade, vale a pena observar a leitura da Capgemini Portugal, que classifica os de - safios em três grandes grupos: tecnológicos, comportamentais e organizacionais. No primeiro grupo, incluem-se a integração com sistemas legados, a qualidade e normalização dos dados, a escalabilidade dos algoritmos e, ainda, a escassez de talento especializado. No campo comportamental, sobressaem a re- sistência à adoção, a insegurança laboral e o desconhecimento quanto ao valor real da IA. Por fim, os desafios organizacionais remetem para as alterações estruturais que a IA generativa exige, nomeadamente no modo de trabalhar e na capacidade

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