tema de capa
N.93
“A verdade é que a inteligência artificial, em especial a IA generativa, representa uma nova era no retalho. Os líderes que souberem conjugá-la com uma estratégia centrada no cliente, em dados de qualidade e na ética digital terão uma vantagem competitiva significativa. O retalho do futuro será mais inteligente, mais eficiente e muito mais personalizado”
está no linear, se está bem posicionado e se está a ser reposto a tempo é crucial, pois impacta diretamente as vendas e a ex- periência do cliente. Quando essa informação é cruzada com dados transacionais e de inventário, torna-se possível tomar de- cisões mais ágeis, evitar ruturas e concentrar esforços no que realmente importa para o consumidor. Por seu lado, João Sanches oferece uma visão detalhada com base na experiência da Capgemini. O executivo explica que, para otimizar operações com IA, é essencial recolher e anali- sar uma variedade de dados que sustentem decisões mais in- formadas, personalizem a experiência do cliente e aumentem a eficiência. Entre os mais relevantes destacam-se os dados comportamentais — como a jornada de compra, os cliques e os abandonos de carrinho —, que ajudam a identificar pontos de atrito e a melhorar a conversão. Estes dados permitem afinar estratégias de marketing e melhorar os processos de venda. O histórico transacional é outro ativo valioso. Este revela padrões como a frequência de compra, a composição dos car- rinhos e o valor médio por transação, fornecendo insights sobre preferências de consumo e permitindo uma personalização mais eficaz das ofertas. Além disso, as opiniões e preferências expressas pelos clientes devem ser monitorizadas para adaptar produtos e serviços às expectativas do mercado, promovendo relações mais sólidas e duradouras com os consumidores. Não menos importantes são os dados externos e de contexto, como variáveis ambientais, tendências sociais ou sazonalidade. Estes permitem antecipar oscilações na procura e ajustar ope- rações de acordo com fatores externos que influenciam o com - portamento de compra. Por essa razão, são essenciais para pla- near campanhas e alinhar a oferta às exigências do momento. João Sanches destaca ainda a relevância crescente dos dados de sustentabilidade, como a pegada ambiental dos processos de compra. Numa era em que as preocupações ambientais ganham peso, as empresas devem monitorizar e mitigar o seu impacto, ajustando-se às exigências regulatórias e aos valores dos consu- midores. A integração eficiente destes dados permite melhorar a eficiência operacional e oferecer uma experiência de cliente mais personalizada, transparente e sustentável, elementos cada vez mais valorizados num mercado em rápida transformação. Mas há ainda uma questão incontornável: como garantir a ética e a transparência na utilização da IA? Para João Sanches, é essencial assegurar a transparência dos algoritmos, disponibili- zar explicações sobre as decisões automatizadas e implementar estruturas de governação e auditoria. A Capgemini defende o princípio do AI Responsible by Design, que incorpora ética, pri - vacidade e inclusão desde o início de cada projeto. A Priceless reforça essa visão, assegurando que todas as suas ferramentas cumprem o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados e garantem a anonimização dos dados. “Não recolhe - mos imagens identificáveis, assegurando a privacidade e a conformi - dade legal. A transparência no tratamento dos dados é fundamental para garantir que os clientes e consumidores se sintam seguros” , afir - ma a empresa. Na mesma linha, Vasco Portugal sublinha que, para a Sensei, a privacidade é inegociável. “A nossa tecnologia não usa reconheci - mento facial nem precisa de dados biométricos para funcionar. O clien - te pode fazer toda a jornada de forma totalmente anónima, a não ser que opte por se identificar, por exemplo através de um programa de fi - delização” . Acrescenta ainda que a empresa trabalha lado a lado
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