GRANDE CONSUMO
com os parceiros para garantir total transparência. “A confiança não se constrói com o que dizemos, mas sim com as práticas que apli - camos nas nossas lojas, na nossa tecnologia e na forma como lidamos com os clientes” . Lidar com sistemas existentes Avançar para o futuro implica, quase sempre, saber integrar o presente. No universo do retalho, poucas empresas partem do zero no que toca a sistemas tecnológicos. Assim, a implementa- ção de soluções de inteligência artificial obriga, inevitavelmen - te, a lidar com infraestruturas existentes, muitas vezes basea- das em tecnologias anteriores, mas que continuam ativamente em operação. Vasco Portugal é perentório neste ponto: “não acreditamos em revoluções que partem tudo para começar do zero. Acreditamos em evoluções que se encaixam no que já existe” . O CEO da Sensei ex- plica que a tecnologia da empresa é modular, flexível e conce - bida para se integrar com os sistemas dos retalhistas — desde os pagamentos aos ERP — através de APIs bem definidas. Esta abordagem permite começar com um projeto-piloto e escalar de forma progressiva, garantindo uma integração fluida e sem exigir alterações disruptivas nas infraestruturas existentes. “É a IA que deve seguir o negócio do retalho, e não o contrário” , afirma. A Priceless partilha uma lógica semelhante. A empresa co- meça por realizar uma análise detalhada da infraestrutura tec- nológica de cada cliente, identificando formas de integrar a IA como um complemento aos sistemas já em funcionamento. No caso concreto da FootfallCam, por exemplo, é possível integrar os dados recolhidos com plataformas de business intelligence , sis- temas ERP ou dashboards internos, assegurando assim a centra- lização da informação e facilitando a tomada de decisões estra- tégicas com base em dados fiáveis e acessíveis. Este tipo de integração progressiva, que respeita o legado tecnológico das organizações, permite aos retalhistas adotar soluções avançadas sem correrem o risco de desorganizar ope- rações críticas. É uma ponte entre o passado e o futuro digital e, cada vez mais, uma condição essencial para garantir a viabi- lidade e o sucesso de qualquer transformação baseada em IA. Para onde caminha a IA? Com base na análise das tendências atuais e na experiência de quem está no terreno, é possível traçar algumas linhas orien- tadoras sobre o futuro da IA no retalho. No entanto, não existe consenso absoluto. Para a Priceless, o caminho está claro: a IA tornar-se-á cada vez mais central nas operações do retalho. A empresa prevê um aumento significativo da automatização e da personalização da experiência do cliente, com soluções que atuam em tempo real para melhorar simultaneamente a produtividade e os resulta- dos financeiros das lojas. “A IA vai deixar de ser algo complementar e passará a ser um verdadeiro pilar das operações diárias” , defende a organização. Já Vasco Portugal acredita que estamos a transitar de um re- talho “assistido por IA” para um retalho “movido por IA” . O CEO da Sensei observa que, durante anos, surgiram soluções isoladas — como monitorização de prateleiras, deteção de furtos ou aná- lise de tráfego — que operavam em silos. O passo seguinte, diz, é claro: consolidar todas essas funções numa plataforma integra- da, onde os dados comunicam entre si e suportam decisões em
Estamos a transitar de um retalho “assistido por IA” para um retalho “movido por IA”. Durante anos, surgiram soluções isoladas — como monitorização de prateleiras, deteção de furtos ou análise de tráfego — que operavam em silos. O passo seguinte é, para a Sensei, claro: consolidar todas essas funções numa plataforma integrada, onde os dados comunicam entre si e suportam decisões em tempo real
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