Grande Consumo N.º 93

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tecnologia não lhe serve. De acordo com o gestor, o objetivo é sem- pre criar uma experiência mais simples, relevante e eficiente para o cliente, sem nunca comprometer a privacidade e a confiança. Esta maturidade tecnológica é visível também no processo. Os projetos de IA são desenvolvidos com metodologia, testados em ambientes reais e avaliados com métricas concretas. Não se trata de modismo, trata-se de transformar com método. Ainda é cedo para apresentar resultados quantitativos, mas a expectativa é clara: “as vantagens – em termos de eficiência, aumento de vendas e redução de custos – serão mais evidentes à medida que con - tinuamos a explorar e a otimizar a implementação da IA generativa nas nossas operações” , assegura Carlos Vinagre. Entre os principais desafios estão os tempos de desenvolvi - mento por parte das equipas de IT, a escassez de talento espe- cializado e a necessidade de garantir transparência, segurança e aceitação por parte dos consumidores. “Nem todos os clientes estão preparados para a implementação deste tipo de sistemas” , reconhece o diretor de IT da Auchan Retail Portugal. Apesar de ainda não trabalhar com startups neste domínio, a Auchan reconhece que “as parcerias tecnológicas desempenham um papel fundamental na transformação do sector” e que áreas como rea- lidade aumentada, lojas automáticas, visualização de produtos ou assistentes de voz vão marcar o futuro. Um futuro que, afinal, já começou. Com esta abordagem, a Auchan posiciona-se como referência na aplicação da IA no retalho alimentar: equilibrada, orientada ao cliente e eticamente fundamentada. Para a Auchan, o que im- porta não é ter mais tecnologia, mas usar a tecnologia certa, nos momentos certos, com o propósito certo. A inteligência por detrás da afinação omnicanal No El Corte Inglés, a inteligência artificial não chega com alarde, mas com subtileza e precisão. É um motor silencioso que, longe dos holofotes, está a redefinir a forma como a marca comunica, gere e antecipa. Muito além da inovação tecnológica, a IA é enca- rada como um facilitador estratégico que liga dados, operações e pessoas, com um objetivo claro: oferecer um serviço mais afinado, coerente e eficaz. A inteligência artificial tem permitido uma afinação muito mais precisa da recomendação de produtos, da gestão de stocks e do planeamento de campanhas promocionais, destaca fonte ofi - cial da insígnia. Esta afinação traduz-se numa omnicanalidade real — e não apenas aspiracional —, onde o digital e o físico dialo- gam com fluidez, sem fricções nem silos, respeitando a identidade da marca e as necessidades diversas dos seus públicos. Com uma base de dados robusta e uma aposta firme na análi - se preditiva, o El Corte Inglés personaliza em tempo real a expe- riência de compra. Algoritmos cruzam informação de compra, padrões de navegação e histórico de interação para antecipar ne- cessidades, gerar recomendações e ajustar ofertas. Seja na loja fí- sica, na app ou numa campanha direta, a resposta é cada vez mais contextual e pertinente. Esta abordagem não se limita ao front-office . A IA é também aplicada na gestão de stocks e no planeamento promocional, asse- gurando uma reposição mais estratégica e reduzindo ruturas, algo essencial numa operação com grande diversidade de produtos. A tecnologia otimiza a logística, mas também permite afinar o ca - lendário promocional, direcionar melhor os recursos e elevar o impacto das campanhas.

Se os grandes grupos lideram a marcha tecnológica, há um outro movimento, mais silencioso, mas igualmente transformador, a crescer entre as pequenas e médias empresas (PME) portuguesas. A inteligência artificial está a chegar ao tecido empresarial de menor dimensão, não através de mega- investimentos, mas por via de soluções modulares, intuitivas e acessíveis

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