GRANDE CONSUMO
Num sector pressionado pela sazonalidade e pela concorrên- cia, esta capacidade de ajuste cirúrgico é diferenciadora. A IA per- mite antecipar padrões de consumo e ajustar melhor os pontos de contacto com o cliente, sublinha a insígnia. Com mais previsibili- dade, vem também mais relevância e isso traduz-se numa expe- riência mais fluida e eficaz para o consumidor. Mas o potencial da IA no El Corte Inglés vai além da conveniên- cia. A tecnologia é também usada em áreas como a segurança e a prevenção de perdas, com sistemas de reconhecimento de pa- drões e deteção de comportamentos suspeitos que reforçam o con- trolo e protegem tanto a experiência do cliente como a integridade do negócio. Ainda assim, a inovação não se sobrepõe à ética. Toda a imple- mentação de IA é feita com base em princípios de transparência e proteção de dados. “A IA é uma aliada. O nosso foco está em aumentar as capacidades humanas, não em substituí-las. Automatizamos tarefas repetitivas, para que as pessoas se concentrem em atividades mais estraté - gicas e criativas” . A confiança do cliente é um ativo que se cultiva e a IA, bem usada, é uma ferramenta ao serviço desse cultivo. Internamente, a empresa investe na formação contínua das suas equipas, promovendo uma cultura de inovação orientada a dados. O objetivo é que a IA se torne parte natural dos processos quotidianos, com adesão plena por parte das equipas operacionais e comerciais. A literacia digital, aqui, é vista como um ingrediente essencial para que a transformação tecnológica não fique apenas nos sistemas, mas se enraíze nas pessoas. Assim, a arquitetura tecnológica é governada e sujeita a super- visão rigorosa. “Temos uma arquitetura tecnológica governada, com supervisão rigorosa, formação em sensibilidade ao dado e contratos de bom uso. A privacidade e segurança são prioridades em todos os nossos projetos” . Além disso, há um trabalho contínuo de revisão de algo- ritmos, para garantir imparcialidade, supervisão humana e comu- nicação transparente com o consumidor. Ao transformar o modelo de negócio tradicional num ecossis- tema mais ágil e orientado por dados, a IA oferece novas possibili- dades de relacionamento com os consumidores e novos serviços. “Através da automação e IA, estimamos ter libertado cerca de 20% do tem - po (por semana, por colaborador) de vários departamentos estratégicos” , detalha. O futuro passa por uma cadeia de abastecimento mais susten- tável e estruturada, potenciada por previsões mais precisas, me- nor desperdício e maior resiliência. Com tudo isto, o grupo estima retornos visíveis em menos de um ano para projetos de automação e atendimento, usando métricas como tempo libertado, produtivi- dade ou rentabilidade. A estratégia do El Corte Inglés não passa por adotar todas as tecnologias disponíveis, mas por selecionar, com critério, as que realmente geram valor. E essa seleção começa sempre por uma pergunta simples: como pode esta tecnologia melhorar a expe- riência do cliente? Num mundo onde os dados crescem exponencialmente, é a ca- pacidade de observar, aprender e adaptar que se torna definidora. E é essa a aposta da insígnia: numa inteligência que não se impõe, mas que afina, ajusta e melhora, discretamente, mas com impacto. Do supermercado à moda: IA em ação no terreno O impacto da IA no retalho não vive apenas nas grandes estraté- gias — vê-se na aplicação prática, direta e visível no dia a dia dos consumidores. No Pingo Doce, por exemplo, a tecnologia é utiliza-
O objetivo é que a IA se torne parte natural dos processos quotidianos, com adesão plena por parte das equipas operacionais e comerciais. A literacia digital, aqui, é vista como um ingrediente essencial para que a transformação tecnológica não fique apenas nos sistemas, mas se enraíze nas pessoas
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