Grande Consumo N.º 93

alimentar

N.93

A alimentação está a mudar. De uma lógica indus- trial e padronizada, passamos para uma era mar- cada pela personalização, conveniência saudável, circularidade e inovação tecnológica. No centro desta transformação, surgem startups portugue- sas que estão a repensar tudo, desde os ingredien- tes ao packaging , da rastreabilidade ao delivery , até o próprio ato de comer. Com base científica, espírito criativo e foco no consumidor conscien- te, estas empresas respondem a exigências reais: mais sabor, menos impacto; mais transparência, menos desperdício. Por detrás de muitos destes projetos disruptivos está a Unicorn Factory Lis- boa, que, através de programas como o From Start to Table, tem sido uma plataforma fundamental para acelerar e estruturar a inovação no sector alimentar. O futuro já está a ser servido e sabe a inovação por- tuguesa. Com propostas que vão do vinho infusio- nado às embalagens reutilizáveis, da digitalização da segurança alimentar ao plant-based ultracongela- do, um novo ecossistema alimentar está a emergir em Portugal. E com casos de sucesso que já ultra- passam fronteiras. Why Not Soda: uma ideia com gás e propósito A Why Not Soda é um desses casos. Nasceu quando os fundadores, Steffi Hunstock e Nils Schwentkow - si, trocaram as suas carreiras em Berlim por uma vida mais simples e alinhada com os seus valores junto à costa portuguesa. Ao perceberem a escas- sez de bebidas não alcoólicas, naturais e com sabor genuíno no mercado, decidiram criá-las. “Decidimos criar aquilo que não conseguíamos encontrar — refri - gerantes ligeiramente adoçados, cheios de sabores reais de fruta e ervas, sem adoçantes artificiais ou excesso de açúcar” , introduz Nils Schwentkowski, cofundador e CEO da Why Not Soda. Assim surgiu uma marca de refrigerantes arte- sanais orgânicos que alia indulgência e consciên- cia, pensada para quem valoriza qualidade, susten- tabilidade e uma experiência refrescante e leve. A missão da Why Not Soda é clara: criar bebidas com ingredientes 100% naturais e certificados como biológicos, ligeiramente adoçadas com açúcar de cana biológico. Aqui não entram adoçantes artifi - ciais nem stevia . A marca aposta num perfil de sa - bor equilibrado, para adultos, sem comprometer a saúde. “Defendemos a moderação e o prazer consciente” , afirma o fundador, promovendo um consumo que respeita o corpo e o planeta. O percurso da Why Not Soda é exemplo de re - siliência e visão, com dois momentos cruciais. O primeiro foi a vitória na aceleradora From Start to Table, em 2018, que abriu caminho para o segundo e talvez mais determinante: o início da colaboração com o Grupo Nabeiro, em 2020, durante a pande-

mia. Esta parceria permitiu à startup profissiona - lizar operações e ganhar fôlego num momento de enorme incerteza. De uma operação local, a Why Not Soda tornou - -se líder em refrigerantes artesanais premium em Portugal, expandindo depois para mercados exi- gentes como França, Países Baixos, Polónia e, mais recentemente, a costa leste dos Estados Unidos. Está presente em mais de 100 pontos de venda no mercado norte-americano, incluindo redes presti- giadas como Fairway, Shoprite, Kings e Balducci’s. Uma conquista notável para uma marca indepen- dente e jovem, que integrou a aceleradora Take Root, do broker natural Green Spoon. “O que mais nos orgulha? Ter ajudado a moldar a categoria de refrigeran - tes naturais em Portugal, praticamente do zero. A cons - ciência dos consumidores evoluiu imenso nos últimos cinco anos, provando que a nossa visão está a ganhar força” , destaca o responsável. Mas nem tudo são bolhas de sucesso. “Escalar a produção como uma pequena marca é difícil. A produ - ção local, com poucas opções de co-packing, aumenta os custos e encontrar o equilíbrio entre manter a qualidade e crescer de forma sustentável é um esforço contínuo” , su- blinha Nils Schwentkowski. Além disso, e apesar dos avanços, o mercado português de bebidas naturais ainda está em fase embrionária. A concorrência internacional é feroz e o retalho local continua sem um espaço claro para categorias premium . “A grande questão é saber se este tipo de produto pode chegar ao consumidor mainstream em Portugal” , refere, sublinhando o papel dos reta- lhistas como parceiros estratégicos nesta mudança de paradigma. Mais do que vender bebidas, a Why Not Soda quer redefinir a forma como olhamos para os re - frigerantes. Compete com marcas de países com maior tradição e investimento, como Alemanha e Reino Unido, apostando sempre na autenticidade. “Criamos alguns dos melhores refrigerantes da Europa, segundo o feedback internacional” , assegura o funda- “Escalar a produção como uma pequena marca é difícil. A produção local, com poucas opções de co-packing, aumenta os custos e encontrar o equilíbrio entre manter a qualidade e crescer de forma sustentável é um esforço contínuo”

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